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Kim Jong Un se dirige ao Vietnã para nova cúpula com Donald Trump

25 de Fevereiro de 2019 às 11:03

Kim Jong Un se dirige ao Vietnã para nova cúpula com Donald Trump Kim Jong Un embarcou no sábado (23) - Foto: KNCA via KNS/AFP (23/02/2019)

O líder norte-coreano Kim Jong Un deve chegar nesta terça-feira (26) em Hanói após uma longa viagem de trem atravessando a China para se encontrar, pela segunda vez, com o presidente americano Donald Trump. A capital do Vietnã se prepara para receber na quarta e quinta-feira a cúpula que tem como objetivo alcançar a desnuclearização do país asiático, após um primeiro encontro realizado no ano passado em Singapura.

Kim Jong Un embarcou no sábado (23) em Pyongyang em seu trem blindado de cor verde para sua viagem pela China. Apesar de seu trajeto ser secreto, o comboio norte-coreano poderá, segundo fontes no Vietnã, chegar na terça-feira na estação de Dong Dang, uma localidade vietnamita na fronteira com a China, após ter percorrido cerca de 4.000 km.

Desta estação, fechada ao público e vigiada por guardas armados, o líder norte-coreano deverá se dirigir à Hanói por estrada, fechada na terça-feira entre 06H00 e 14H00 (04H00 e 12H00 no horário de Brasília). Em junho, Kim se comprometeu a "trabalhar pela desnuclearização completa da península coreana". Mas, desde então, a falta de progresso provoca ceticismo entre os observadores.

Stephen Biegun, o emissário dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, reconheceu recentemente que Pyongyang e Washington "não entraram em acordo sobre o que significa" a desnuclearização. Os Estados Unidos exigem que Pyongyang acabe com seu arsenal nuclear de maneira completa, verificável e irreversível.

Para a Coreia do Norte, a desnuclearização tem um sentido mais amplo. Além disso, pede o fim das sanções internacionais e a presença militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul e na região em geral. Donald Trump pareceu diminuir as expectativas da cúpula em Hanói ao afirmar, no domingo, que não havia pressa para a desnuclearização, enquanto a Coreia do Norte não realizar testes nucleares e lançamento de mísseis, como deixou de fazer há um ano.

"Não quero apressar ninguém", declarou. "Enquanto não houve testes estaremos contentes", acrescentou. "Há realmente uma oportunidade para fazer algo muito, muito especial", afirmou Trump, assegurando que não cederá e que as sanções vão continuar em vigência. A Coreia do Norte assegura que já fez gestos na direção da desnuclearização, como o congelamento dos teste militares e a destruição dos acessos às instalações onde realizada testes nucleares.

Segundo Harry Kazianis, do grupo conservador Center for the National Interest, as duas partes deveriam realizar "ao menos um passo à frente na direção da desnuclearização", porque "nada seria pior para ambos que sair de reunião tendo perdido tempo". "Trump vai focar num discurso segundo o qual obteve a paz, ao invés de pressionar Kim para a desnuclearização", prevê Scott Seaman, analista do Eurasia Group.

Para Kim Yong-hyun, da Universidade Dongguk, o melhor resultado seria que os dois líderes definissem um roteiro para a desnuclearização. Washington poderia prometer segurança em foram de uma declaração oficial sobre o fim da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício. A presidência sul-coreana considerou como crível essa possibilidade. "Acredito que existe uma possibilidade real", disse seu porta-voz, Kim Eui-kyeom.

O líder norte-coreano poderia aproveitar sua estadia no Vietnã para visitar zonas industriais nas províncias de Quang Ninh e Bac Ninh, donde há uma fábrica da Samsung. A Coreia do Norte, que conduz há anos reformas para aliviar um pouco o peso do Estado, poderia estar interessada no modelo econômico do Vietnã, país comunista onde o governo mantém o controle total do poder, mas se beneficia da economia de mercado. (Emmy Varley e Jerome Cartillier - AFP)