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Governo do Líbano se defende e fala em ataque a míssil

08 de Agosto de 2020 às 00:03

Governo do Líbano se defende e fala em ataque a míssil Autoridades são investigadas por negligência. Crédito da foto: Joseph Eid / AFP

O governo do Líbano está sob fogo cerrado. Acusado de negligência na explosão que matou mais de 150 em Beirute, na terça-feira, e à beira de uma crise humanitária, após a destruição de estoques de comida e remédios, o comando do país enfrenta a fúria da população, que marcou para este sábado (8) um protesto no centro da capital. Sob pressão, o presidente libanês, Michel Aoun, disse nesta sexta-feira (7) que a tragédia pode ter sido causada “por intervenção externa”. Ele citou, como exemplo, a hipótese de “um míssil”.

Incêndio e explosão

Foi a primeira vez que uma autoridade mencionou a hipótese de uma causa externa ter provocado a explosão. Até o momento, a versão mais verossímil era a de que a tragédia teria sido provocada por um incêndio em um depósito de nitrato de amônio.

Nesta sexta-feira (7), ex-funcionários do porto e membros do governo admitiram que cerca de 40 sacos de fogos de artifício vinham sendo estocados no porto. É no mesmo hangar onde estavam 2.750 toneladas de nitrato de amônio, material altamente explosivo usado em fertilizantes e bombas. Muitos acreditam que a carga tenha causado o primeiro incêndio, que provocou a explosão.

Preocupação com armazenamento

A carga do material inflamável havia sido confiscada de um navio russo havia seis anos. Desde então, de acordo com documentos oficiais, por pelo menos dez vezes, autoridades da alfândega, agências de segurança e militares manifestaram preocupação com o fato de o produto estar armazenado de maneira inadequada em uma área muito próxima do centro da capital. A inércia do governo agravou a crise de confiança da população com o Estado.

Nesta sexta-feira (7), Aoun, de 85 anos, no poder desde 2016, disse ter sido informado do estoque de nitrato de amônio há três semanas -- e garante que ordenou que os militares resolvessem o problema. Vinte pessoas foram presas, a maioria funcionários do porto.

O maior desafio das autoridades agora é restaurar a capacidade do porto, por onde entra a maior parte das importações -- o Líbano importa cerca de 80% do que consome. (Estadão Conteúdo)