Europa inicia processo de desconfinamento

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Na Espanha, a população começou a poder sair de casa após 48 dias de isolamento social. Crédito da foto: AFP / Cristina Quicler

Na Espanha, a população começou a poder sair de casa após 48 dias de isolamento social. Crédito da foto: AFP / Cristina Quicler

Os espanhóis saíram para passear ou praticar esportes ontem, após 48 dias trancados em suas casas. O desconfinamento da população no país e em outras partes da Europa e dos Estados Unidos começou com cautela, à medida que a pandemia do novo coronavírus começa a perder força.

Em Madri, perto do grande parque do Retiro, que ainda está fechado, muitos habitantes foram dar uma volta, alguns em grupos, segundo a AFP. “Depois de tantas semanas confinado, estava louco para sair e correr e ver as pessoas. Eu parecia uma criança no Dia de Reis”, disse Marcos Abeytua, um consultor financeiro de 42 anos que mora no bairro de Chueca, centro de Madri.

A Espanha planejou um confinamento progressivo, que vai até o fim de junho. Além disso, o chefe de governo, Pedro Sánchez, anunciou a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção nos transportes públicos a partir de amanhã. O governo distribuirá seis milhões delas pelo país e dará outros sete milhões para prefeituras e províncias, para que sejam entregues à população. Os espanhóis devem respeitar faixas de horário, para evitar multidões e manter distantes crianças e idosos, que não poderão sair nos mesmos intervalos. A tarde é reservada para os menores de 14 anos, que podem sair acompanhadas por um adulto.

Em outros países europeus, como Itália, França e Alemanha, os governos também vão relaxando, gradualmente, as medidas de confinamento -- uma decisão que continua subordinada à evolução do número de mortos e dos casos de contágio, e que exige medidas de proteção e distanciamento social dos cidadãos. O objetivo é evitar uma segunda onda de infecções. “A partir de segunda-feira, depende de vocês”, advertiu na Itália o chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pedindo à população que “não baixe a guarda” durante a saída do confinamento. Do dia 4 em diante, os italianos poderão passear pelos parques e visitar seus familiares, após dois meses de quarentena.

Medidas de barreira

A suspensão das restrições está bem avançada na Alemanha, na Áustria e em países escandinavos, que continuam impondo, porém, “medidas de barreira” e distanciamento social.

Ontem, em Viena, o clima era de animação nas ruas, com a reabertura de todas as lojas. Já a França decidiu prorrogar o estado de emergência de saúde até 24 de julho, considerando que, antes disso, “seria prematuro”.

O Reino Unido, onde o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro, Boris Johnson, prometeu um plano de desescalada para a próxima semana. O país é o segundo mais afetado na Europa em número de mortes, depois da Itália.

No total, a nova pandemia de coronavírus causou mais de 240 mil mortes no mundo e 3,3 milhões de casos de contágio desde o seu surgimento, na China, em dezembro passado, conforme um balanço da AFP feito com base em fontes oficiais.

O país mais atingido no número de mortes ainda é os Estados Unidos, com mais de 65 mil, à frente de Itália (28.710 mortos), Reino Unido (28.131), Espanha (25.100) e França (24.760).

América Latina

Na América Latina e no Caribe, 12.197 pessoas morreram e 231.039 casos foram registrados.

Nos Estados Unidos, que continuam com uma média de cerca de 2 mil óbitos por dia (1.883 na sexta-feira), foi o presidente Donald Trump que anunciou o uso da droga remdesivir antiviral para pacientes graves nos hospitais americanos. O remdesivir é um antiviral experimental de amplo espectro produzido pela empresa farmacêutica americana Gilead Sciences. Inicialmente, foi desenvolvido para tratar o Ebola, uma febre hemorrágica viral.

Desde meados de março, em meio à pandemia, os Estados Unidos registraram mais de 30 milhões de pedidos de seguro-desemprego -- um recorde. Para revitalizar a economia, mais de 35 dos 50 estados do país começaram a suspender -- ou estão prestes a fazê-lo -- as medidas de confinamento.

O estado do Texas, por exemplo, reabriu lojas, restaurantes e bibliotecas na sexta-feira, desde que operem com 25% da capacidade.

Para exigir a suspensão do confinamento há seis semanas em vigor em seu estado, milhares de pessoas se manifestaram na Califórnia na sexta-feira. “Abram a Califórnia!”, gritaram perto das praias fechadas de Huntington Beach. “Todos os trabalhos são essenciais”, ou “A liberdade é essencial”, diziam cartazes. Também houve manifestações em Los Angeles, Nova York e Chicago.

Na China, onde quase não há mais infecções locais, começaram, ontem, as primeiras férias desde o surgimento da pandemia. Em Pequim, foi reaberta a Cidade Proibida, embora de uma maneira mais limitada do que o habitual. (AFP)