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EUA vão às urnas em legislativas dois anos após a vitória de Trump

05 de Novembro de 2018 às 09:01

O presidente assumiu a liderança da campanha republicana. Foto: Nicholas Kamm / AFP

O presidente Donald Trump está se mostrando muito confiante antes das eleições desta terça-feira, que definirão as maiorias parlamentares dois anos após o início de seu mandato, ao passo que os democratas esperam vingar-se politicamente.

"Vá votar", exclamou o presidente no domingo em seu quarto comício de fim de semana, em Chattanooga, Tennessee.

Nesta segunda-feira, ele discursará em outros três atos em estados do centro-oeste.

Multiplicando os deslocamentos, como aconteceu na última parte de sua campanha vitoriosa em novembro de 2016, Trump repetiu várias vezes que sentiu "uma eletricidade no ambiente como nunca" desde aquele ano.

Em cada etapa, ele deu a impressão de realmente saborear o contato com aqueles que o levaram ao poder, que o apoiaram novamente durante eventos que duraram pelo menos uma hora e meia, tendo o avião presidencial como pano de fundo em comícios que ocorreram nos aeroportos.

"A onda azul não é mais ouvida", disse ele na noite de domingo, referindo-se à ampla ofensiva democrata que algumas pesquisas previram meses atrás.

Seu vice-presidente, Mike Pence, brincou comentando como "a onda azul bate contra uma parede vermelha", da cor dos republicanos.

Depois de numerosas consultas parciais e locais realizadas após a eleição de 2016, nesta terça-feira será dado o primeiro veredicto de alcance nacional dos americanos na presidência Trump.

O presidente assumiu a liderança da campanha republicana, colocando-se como garantidor da boa saúde econômica do país e como escudo contra a imigração clandestina e as "caravanas" de migrantes centro-americanos que atualmente atravessam o México para os Estados Unidos.

"Os democratas querem convidar os clandestinos para inundar o país, caravana após caravana", disse ele. "É uma invasão, não estou interessado no que a mídia falsa diz, é uma invasão do nosso país".

Obama mobilizado

Os democratas concentraram sua campanha na defesa da reforma do sistema de saúde de Barack Obama, mas também apontam para a rejeição despertada por Trump em muitos eleitores, que o consideram mentiroso, catalisador da violência, racista e antissemita.

Eles contam com a mobilização dos eleitores das periferias urbanas e dos republicanos moderados que se arrependem da opção de 2016.

Seu líder natural é o próprio Obama, que tem sido o mais procurado pelos candidatos democratas para obter seu apoio.

"Esses republicanos mentem de forma flagrante, repetida, vergonhosa, inventando qualquer coisa", afirmou Obama durante uma manifestação em apoio ao candidato democrata ao Senado pelo estado de Indiana.

Congresso dividido

Historicamente, o partido no poder raras vezes ganhou as eleições de meio de mandato, com a recente exceção de George W. Bush em 2002, após os ataques de 11 de setembro de 2001.

Obama e Bill Clinton, ambos democratas, viram seus adversários políticos conquistarem o Congresso depois de dois mandatos no cargo.

Mas a disputa é muito diferente entre as duas casas do Congresso. Na Câmara dos Deputados, onde os democratas precisam conquistar 23 cadeiras dos republicanos para conquistar a maioria, as pesquisas os favorecem em nível nacional.

Uma pesquisa publicada no domingo pelo Washington Post e similar a outras dá 50% das intenções de voto aos democratas contra 43% dos republicanos. A última pesquisa da CBS prevê uma maioria estreita dos democratas como o cenário mais provável. Mas prever o resultado nos mais de sessenta distritos em jogo é uma tarefa impossível.

No Senado, onde apenas 35 dos 100 lugares estão em disputa por períodos de seis anos, os republicanos estão à frente, porque as eleições - as mais importantes do calendário - ocorrem principalmente em estados conservadores.

Os senadores em pior situação são os democratas eleitos há seis anos em Dakota do Norte e Indiana, após a reeleição de Barack Obama.

Os Estados Unidos poderão então amanhecer no dia 3 de janeiro de 2019 com um Congresso partido em dois.

Esse cenário é suficiente para colocar obstáculos no caminho do chefe de Estado, que verá sua agenda legislativa completamente bloqueada durante os 22 meses anteriores à próxima eleição presidencial, em novembro de 2020. (AFP)

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