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Em texto, autor de ataques na Nova Zelândia critica Brasil por miscigenação

16 de Março de 2019 às 10:18

Diversas pessoas ficaram feridas após atentado na Nova Zelândia. Crédito da foto: TV New Zealand / AFP (15/3/2019)

No manifesto em que justifica o ataque a duas mesquitas na Nova Zelândia, Brenton Tarrant cita o Brasil entre os países que fracassaram em razão da miscigenação racial. "O Brasil com sua diversidade racial é completamente fraturado como nação, um lugar onde as pessoas se separam e se segregam quando querem", escreveu.

O texto intitulado "The Great Replacement" - "A Grande Substituição", em tradução livre - faz referência a uma teoria originada na França, segundo a qual "os povos europeus estão sendo substituídos por populações de imigrantes não europeus".

Em um dos capítulos do manifesto chamado "Diversidade é fraqueza", o autor do massacre na mesquita Al-Noor questiona o motivo de "políticos, educadores e mídia" repetirem que "a diversidade é nossa principal força".

"As nações 'diversificadas' ao redor do mundo são palcos de conflitos sociais, políticos, religiosos e étnicos intermináveis", afirma o atirador, citando EUA e Brasil como exemplos disso.

O manifesto detalha dois anos de radicalização e preparativos e afirma que um dos principais momentos para ele foi o fracasso da líder de ultradireita Marine Le Pen nas eleições francesas de 2017. (Estadão conteúdo com informações do jornal O Estado de S. Paulo)

Nova Zelândia: australiano é acusado formalmente por homicídio após disparos

O australiano Brenton Tarrant, preso após disparos que mataram ao menos 49 pessoas em duas mesquitas na Nova Zelândia, compareceu a um tribunal neozelandês e foi formalmente acusado de assassinato. Enquanto isso, os neozelandeses prestaram solidariedade aos muçulmanos em todo o país neste sábado (16).

Dois guardas armados levaram Tarrant à corte. Ele não demonstrou nenhuma expressão quando o juiz do Tribunal Distrital Paul Kellar leu a acusação de assassinato para ele. A aparição no tribunal durou apenas um minuto, e ele foi levado de volta algemado. Tarran foi ordenado a voltar ao tribunal novamente em 5 de abril. Depois que ele saiu do local, o juiz disse que, embora "uma acusação de assassinato tenha sido trazida no momento, é razoável supor que haverá outras".

O atirador publicou um manifesto de 74 páginas no Facebook no qual ele se identificou como Tarrant e disse que ele era um australiano de 28 anos de idade e supremacista branco que queria vingar ataques na Europa perpetrados por muçulmanos.

Neste sábado (16), neozelandeses acenderam velas e colocaram flores em memoriais improvisados na cidade de Christchurch. Alguns enlutados abraçaram seus vizinhos, enquanto outros permaneceram em silêncio em locais no centro da cidade, não muito longe das duas mesquitas onde ocorreram os disparos.

A primeira-ministra Jacinda Ardern disse que o atirador, um nativo australiano, escolheu atacar na Nova Zelândia "porque nós representamos diversidade, bondade, compaixão".

Neozelandeses ofereceram carona ou companhia para caminhar aos seus vizinhos muçulmanos que não se sentissem seguros. "O amor sempre vence o ódio. Muito amor para nossos irmãos muçulmanos", dizia um cartão escrito à mão em uma parede com flores em uma parte histórica da cidade.

Ainda assim, os muçulmanos foram aconselhados a ficar longe das mesquitas, enquanto o alerta de segurança do país permanecia no segundo nível mais alto um dia após os ataques. Trinta e nove sobreviventes permaneciam hospitalizados no sábado, com 11 gravemente feridos. As atualizações demoravam a chegar, e muitas famílias ainda aguardavam para saber se seus entes queridos estavam entre as vítimas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou qualquer ameaça representada pelo nacionalismo branco racista depois que o atirador acusado do massacre da mesquita da Nova Zelândia chamou o presidente de "um símbolo de identidade branca renovada". Trump expressou simpatia pelas vítimas que morreram em "locais de culto transformados em cenas de um assassinato brutal".

Mas ele se recusou a se juntar às expressões de crescente preocupação com o nacionalismo branco. Questionado se pensava que era uma ameaça crescente no mundo, ele respondeu que não. "Eu acho que é um pequeno grupo de pessoas que tem problemas muito, muito sérios, eu acho", disse Trump. "Se você olhar o que aconteceu na Nova Zelândia, talvez seja o caso. Eu não sei o suficiente sobre isso ainda. Mas é certamente uma coisa terrível."

Questionado sobre a referência do atirador a ele, Trump professou ignorância. "Eu não vi isso", afirmou. "Mas eu acho que é um evento horrível ... uma coisa horrível, vergonhosa e um ato horrível." (Estadão Conteúdo com informações da Associated Press)