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Paralisação de jogos leva futebol ao caos

26 de Março de 2020 às 00:01

Paralisação de jogos leva futebol ao caos Márcio diz que time de divisão menor sente mais. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (3/1/2020)

Em entrevista ao programa Fome de Bola, da rádio Cruzeiro FM 92,3, o presidente do São Bento, Márcio Rogério Dias, definiu o momento dos clubes de futebol como uma “situação caótica e preocupante”, principalmente dos times de divisões menores. Por conta das paralisações, as receitas sofreram uma grande queda.

As cotas de televisão estão bloqueadas, já que os jogos estão suspensos. Os patrocinadores tendem a reter as verbas do patrocínio para honrar outros compromissos, como os salários dos seus próprios funcionários. Muitas vezes, a receita da bilheteria é deficitária em Sorocaba, mas com a ascensão do Bentão na Série A2, a projeção era de uma boa arrecadação. Essa fonte, no momento, não existe.

Alternativa para manter as receitas é por meio do sócio-torcedor. Neste caso, o problemas é que o número de sócios vem caindo nas últimas semanas. De acordo com o presidente do São Bento, o clube possui hoje cerca de 600 associados, mas sofreu uma perda de aproximadamente 50 torcedores desde a chegada do coronavírus ao País. As finanças do clube foram abaladas de imediato.

“Com a pandemia, tivemos uma queda brusca em relação ao número de sócios e uma alta na inadimplência. São 52 famílias que dependem, diretamente, do Esporte Clube São Bento. Fora os indiretos, que são vocês (jornalistas), os bilheteiros, maqueiros, os gandulas, aquela equipe que depende dos jogos. Então, precisamos atentar as nossas autoridades”, explicou.

Em busca de ajuda

Os clubes já lutam para conseguir ajuda financeira da Federação Paulista de Futebol (FPF) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidades que ano após ano batem recordes de faturamento. O mandatário beneditino também ressaltou a diferença financeira entre os clubes das divisões brasileiras e fez mais um apelo aos torcedores.

“A musculatura (dos clubes) das Séries A e B (do Brasileiro) é totalmente diferente daquela dos clubes das Séries C e D. Eles (A e B) têm receita futura de transmissão. Nós não temos. Muito pelo contrário. Sabemos da prioridade hoje (das pessoas) que é a saúde, mas é importante, também, podermos continuar contando com a colaboração do sócio-torcedor, que é a nossa principal fonte de receita hoje”, disse.

Como advogado, Márcio Rogério Dias comenta que o contrato de direito de imagem dos atletas, que recebem uma parte dos salários dessa maneira, estão paralisados, pelo fato dos jogos estarem suspensos. Entre atletas, comissão técnica, categoria de base e setor administrativo, o São Bento tem um custo mensal de cerca de R$ 100 mil, com os gastos nas carteiras de trabalho.

“Eu entendo que o contrato de trabalho (de direito de imagem dos jogadores), com a paralisação, estará suspenso. Restando ao São Bento aplicar ou não a Medida Provisória 927, do presidente Jair Bolsonaro, que fala em suprimir ou não 25% (do salário) da Carteira de Trabalho. Isso estamos estudando. Porque nós não estamos tendo receita”, analisou.

A FPF suspendeu todas as suas competições por tempo indeterminado. Com isso, a volta dos estaduais não tem uma previsão, mas a posição do São Bento é que a Série A2 deverá ser disputada até o final. Em função da forte queda nas finanças, no entanto, a participação no Campeonato Brasileiro só será possível com um aporte financeiro da CBF.

“A posição do São Bento é de manutenção do campeonato (Série A2). Tem que ter começo, meio e fim. Não estamos falando por falar, estamos falando embasados na legislação. Em relação a Série C, ao lado de outros clubes, estamos levantando a bandeira, junto a CBF. Depois da pandemia, se não tiver um aporte financeiro, fica muito difícil de disputar a competição”, revelou. (Zeca Cardoso)