Custo de protocolo preocupa o São Bento

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Márcio Rogério diz que despesa será elevada e destaca fatores que fogem ao controle do clube. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (3/1/2020)

Márcio Rogério diz que despesa será elevada e destaca fatores que fogem ao controle do clube. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (3/1/2020)

Se a elite do futebol paulista caminha para o retorno às atividades, os clubes da Série A2, como o São Bento, ainda não conhecem uma data para a retomada. A única certeza é que a competição será encerrada dentro de campo.

Um protocolo sanitário será seguido. Testagem de jogadores e funcionários para a Covid-19 e até a possibilidade de confinamento de atletas fazem parte das exigências. No entanto, o presidente da equipe sorocabana, Márcio Rogério Dias, é reticente às medidas propostas pela Federação Paulista de Futebol (FPF).

“O São Bento hoje, neste momento, não tem como cumprir estes protocolos sanitários exigidos. E, se o fizermos, quem garante a sua eficácia? Não tenho como controlar a vida dos atletas fora da rotina de treinamentos e jogos”, afirmou à reportagem.

Mesmo sem uma data para a volta e apontando dúvidas sobre as medidas de segurança, o mandatário beneditino se posicionou “a favor do retorno imediato do futebol”. Ele destacou, porém, a inviabilidade de o clube ser responsável pelos custos do protocolo.

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“De acordo com o nosso departamento médico, isso custará em média, para retorno imediato, R$ 30 mil (testagem de funcionários e equipamentos de proteção). Além disso, cada partida custará, em média, de R$ 10 mil a R$ 15 mil ao clube mandante”, explicou o gestor beneditino.

Além de citar os custos, Dias lembrou de outros agentes envolvidos no futebol, mas que fogem da alçada do clube e podem não seguir o protocolo da federação. “Quem garante que o hotel, o motorista do ônibus, a malha área, terá feito este protocolo sanitário?”, questionou.

Queda de receita

Com a paralisação dos jogos, o clube perdeu receita de patrocinadores e, principalmente, a arrecadação dos sócios-torcedores. O total de associados teve queda de cerca de 700, no início do ano, para um número em torno de 350.

“O momento é muito delicado. Como já havia dito, tivemos perda sensível de arrecadação. Sendo assim, estamos nos desdobrando ao máximo para honrar os compromissos do clube”, confidenciou o presidente.

Os contratos de direito de imagem estão suspensos, e a maioria dos atletas já aceitou a readequação salarial -- apenas o lateral-direito Marcos Martins ainda não entrou em acordo. Cinco jogadores que estavam no elenco no início do ano rescindiram ou não renovaram.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinou aos clubes da Série C do Campeonato Brasileiro, competição que o São Bento disputará, R$ 200 mil. A verba foi utilizada para pagar os salários em carteira (CLT) dos meses de abril e maio aos jogadores e funcionários.

A terceira divisão nacional, na primeira fase, é dividida em dois grupos de 10 times. Os clubes se enfrentam dentro de suas chaves em turno e returno. O Bentão está ao lado dos times das regiões sudeste e sul.

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Ao todo, na fase de classificação da competição, são 18 rodadas. Com viagens dentro do Estado de São Paulo e também para Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essa logística é bancada pela CBF.

Mesmo com esse recurso, para Márcio Rogério Dias, os altos custos dos protocolos sanitários, aliados a uma baixa rentabilidade da competição, podem transformar o campeonato em um palco para o endividamento dos participantes.

“Imagina isso na Série C, (um) certame já deficitário, longo na atual modalidade, sem receita e aporte financeiro da CBF, se torna inviável. Podemos ter uma competição ao final para sabermos quem ficará mais endividado”, analisou.

O cenário do futebol deixa o presidente do Bentão em alerta para uma possível transformação da imagem de bom pagador do clube. “Me preocupo. Somos uma equipe que sempre honra o combinado. Não podemos vender ilusão, o futebol não mais permite isso.” (Zeca Cardoso)