Técnico Kike Andrade revisita a carreira

São 50 anos dedicados ao futebol e, em boa parte, ao São Bento

Por Eric Mantuan

São 50 anos dedicados ao futebol e, em boa parte, ao São Bento.

Talvez poucos saibam, mas o técnico do São Bento, Kike Andrade, já dedicou ao futebol 50 dos seus 59 anos de vida. Em uma entrevista no Complexo Humberto Reale, o comandante beneditino revisitou toda a carreira iniciada com apenas nove anos, na Casa Transitória André Luiz. Aos 11, chegou à várzea, e aos 15, jogando pelo Monte Negro, despertou os olhares de Nestor Trevisan e Julião, do São Bento, recebendo um convite para integrar o quadro sub-20 com o aval do então treinador Habib Rachid -- mesmo sendo cinco anos mais novo que a categoria.

“Eu não era nem sub-17 ainda. Dentro de alguns treinos, quando eu completei 16 anos, eu passei a treinar com a equipe profissional. E aí acabou que fomos fazendo amizades com pessoas incríveis”, relembrou, sobre os tempos de meia e atacante do Azulão. A carreira como jogador profissional foi abreviada por uma lesão no tornozelo esquerdo, mas que acabou dando início ao seu trabalho à beira das quatro linhas -- começando pela escolinha de futebol Ki-Gol, que ele fundou em Votorantim há 30 anos. “Eu vejo que na base, quando se trabalha com crianças, você trabalha não só a formação de atleta, mas sim a do ser humano, a formação de valores. De caminhar do lado do bem, honrar a família, estudar. É fundamental formar um homem de bem para depois formar um atleta”, defende.

De seu trabalho com a garotada, com as seleções de Votorantim na antiga Copa Brasil de Futebol Infantil Sub-15 -- a qual levou a uma decisão inédita contra o Corinthians em 2003 -- e, de 2010 em diante, com a base do São Bento, surgiram muitas revelações. Algumas não chegaram a defender profissionalmente o São Bento, como Isaque e Mateus Brunetti. Mas isso vem mudando. Os meias Lucas Lima e Kayan, destaques na campanha do Paulista Série A2 deste ano, são “crias” da base.

Kike se diz muito feliz pelo sucesso dos garotos, que neste segundo semestre estão emprestados para Atlético-GO e Santo André, e pela mudança do olhar do clube a respeito da formação de novos jogadores. “O futebol é momento. Com essa nova gestão, se passou a olhar para a base com maior carinho e atenção depois da Copa São Paulo de 2020, na qual fizemos a melhor campanha da nossa história (eliminado pelo Coritiba na terceira fase). Se Deus quiser, logo o torcedor vai ter a alegria de ver sete ou oito atletas da base na equipe principal”, torce.

Este ano, o então treinador do sub-20 foi promovido ao comando do time principal que vai jogar a Copa Paulista a partir do dia 3. A pré-temporada começou no início do mês. “Nós precisamos muito do apoio do torcedor. Vamos fazer o nosso melhor e com que a torcida sinta orgulho desse time”, conta, sobre o maior desafio de sua carreira. (Eric Mantuan)