Presidente do Santos elogia Jesualdo e ironiza Sampaoli

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José Carlos Peres é presidente do Santos. Crédito da foto: Ivan Storti / Santos (31/7/2018)

José Carlos Peres é presidente do Santos. Crédito da foto: Ivan Storti / Santos (31/7/2018)

Durante quase 15 minutos de entrevista, o presidente do Santos, José Carlos Peres, abordou diversos assuntos e mostrou-se afiado. Não poupou críticas ao Atlético-MG por causa da tentativa de contratar Soteldo e abriu o jogo sobre os também gringos Bryan Ruiz e Cueva. Ele também elogiou o trabalho do técnico português Jesualdo Ferreira e fez críticas ao antecessor, o argentino Jorge Sampaoli.

"São apenas seis rodadas, é difícil analisar. Ninguém lembra que no ano passado o Santos caiu na primeira fase da Copa Sul-Americana. O time foi bem mesmo depois. O Sampaoli fez um ótimo trabalho, mas já foi. O Jesualdo é muito educado, está todo mundo unido. Para sair dessa conversa de comparar um com o outro, temos que vencer. Estamos contentes com o Jesualdo. Ele está dando oportunidade aos mais jovens, que é o nosso DNA. Sabemos que a base tinha sido abandonada. Agora temos jovens promessas, com o Jesualdo conversando muito com eles", afirmou Peres, após evento da Federação Paulista de Futebol nesta quinta-feira.

O presidente ainda ironizou Sampaoli ao falar que a medalha de vice-campeão brasileiro do treinador está com o clube. O argentino tinha contrato até o fim de 2020, mas deixou o Santos em dezembro de 2019. "O Sampaoli é excelente treinador, mas tem um temperamento difícil e faz exigências de Europa. Palmeiras e Atlético-MG também não toparam as exigências. Mas fomos vice do Brasileiro, e a medalha dele está lá para retirar. Só temos a agradecer e que seja feliz em outro clube", disse.

Críticas ao Atlético-MG

Outro alvo de críticas de Peres foi o Atlético-MG, que tentou a contratação do meia venezuelano Soteldo. O presidente do Santos disse que vai reclamar do assédio do clube mineiro para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

"Em momento algum recebi contato desse time (Atlético-MG), exceto uma vez que fez uma consulta e eu disse que era impossível. Só demonstra o quanto os clubes estão desunidos. Nós vamos reclamar na CBF, causou dano ao clube. Não precisava, era só falar com a gente. É inaceitável, me deixou bastante indignado e a diretoria do Santos lamenta bastante um time não respeitar o outro", declarou Peres.

O Atlético-MG tentou negociar com o Huachipato, do Chile, dono de 50% dos direitos econômicos do jogador. Os outros 50% pertencem ao Santos, que venceu o embate e renovou o contrato de Soteldo até o fim de 2023.

"Existe uma cláusula que, se surgisse proposta pelos outros 50%, nós teríamos que assumir a responsabilidade dos 50% do outro lado. E a gente assumiu, sem problema nenhum. Ninguém tira jogador do clube na mão grande. Não adianta vir com dívida de um ano atrás", disse o presidente santista.

Bryan Ruiz

Sem jogar desde 12 de novembro de 2018, o meia costa-riquenho Bryan Ruiz não dificilmente deve atuar pelo Santos novamente. Ele ainda tem contrato até o fim deste ano, mas treina com o time B e não está inscrito no Campeonato Paulista. Peres admitiu que deve direitos de imagem a Bryan Ruiz, que foi contratado no meio de 2018. As partes já tentaram rescindir o vínculo, mas não chegaram a um acordo.

“O contrato dele vence daqui a 10 meses. Estamos conversando para uma rescisão, mas há uma dificuldade porque os jogadores têm ao lado deles um direito que o trabalhador normal não tem. Para demitir um trabalhador normal é preciso pagar a multa do FGTS e o aviso prévio. Para o jogador, tem de pagar ainda os salários até o fim do contrato, o que é um absurdo", disse Peres

O presidente não acredita na recuperação do jogador. "Se ele vai voltar a jogar? Depende do técnico. Eu até gostaria que ele tivesse uma chance. Mas ele é paradão, não parece muito interessado", cutucou Peres.

Impasse sobre Cueva

Peres também falou sobre a situação do meia peruano Cueva. A disputa entre Santos e o jogador na Fifa teve um importante capítulo na última sexta-feira e, estranhamente, as duas partes podem se considerar vencedoras. A entidade que controla o futebol mundial permitiu que o peruano seja registrado pelo Pachuca, do México, mas também deu ao clube alvinegro a possibilidade de cobrar do jogador uma indenização.

"Ele se apresentou ao Pachuca, não tinha motivos para isso. Por não ter sido incluído na primeira lista do Campeonato Paulista, ele achou que deveria debandar. Mas existe uma legislação. Ele se apresentou, a Fifa decidiu dar o registro forçado, mas com o compromisso de indenização", afirmou Peres.

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O presidente disse não saber o valor da indenização, mas espera receber ao menos US$ 7 milhões (cerca de R$ 30 milhões), valor que o clube ainda precisa pagar para o Krasnodar, da Rússia, por causa da contratação de Cueva no primeiro semestre do ano passado. (Guilherme Amaro - Estadão Conteúdo)