Orgulhosos do vice
Flamengo perde nos pênaltis para o Paris Saint-Germain, mas é exaltado por atuação histórica e postura competitiva
Mesmo com o vice-campeonato intercontinental, o dia foi marcado por orgulho, união e pela reafirmação da força do Flamengo dentro e fora de campo. A derrota nos pênaltis para o Paris Saint-Germain — 1 a 1 no tempo normal — não apagou a grande atuação rubro-negra na final inédita, tampouco a entrega demonstrada ao longo dos 90 minutos e da prorrogação. Para os torcedores reunidos em Sorocaba, o sentimento foi de frustração pelo resultado, mas, acima de tudo, de satisfação pelo desempenho e pela postura competitiva diante de um dos clubes mais poderosos do futebol mundial.
No Villa Custom Viking, ponto de encontro do consulado oficial FlaSorocaba, mais de cem flamenguistas acompanharam cada lance com emoção, cantando, vibrando e empurrando o time até o último pênalti. A festa tomou conta do pub antes, durante e depois da decisão, mostrando que, independentemente do placar final, a paixão pelo Flamengo segue inabalável.
Para o empresário Mateus de Castro, a derrota dói, mas não diminui o tamanho da atuação da equipe. “Perder é complicado, claro, mas é muito legal enfrentar um time como o PSG, campeão de tudo lá fora, e jogar de igual para igual. Isso mostra o crescimento do futebol brasileiro”, afirma. Segundo ele, o Flamengo voltou a provar sua grandeza ao encarar gigantes europeus sem se intimidar. “Infelizmente não conseguimos o que queríamos, que era o título, mas estou de parabéns pelo que o Flamengo jogou. O sentimento é ruim pela derrota, mas saímos felizes pelo empenho do time”, completa.
A confiança no futuro também apareceu nas palavras de Lucas de Castro, corretor de imóveis e irmão de Mateus. Para ele, a decisão nos pênaltis foi determinante, mas faz parte do futebol. “Três erros em sequência fazem muita diferença, mas isso acontece. É um time que está aprendendo a enfrentar a Europa, adversários mais difíceis”, analisa. Lucas destacou ainda o trabalho do técnico Filipe Luís e o potencial de evolução do elenco. “Faltou um detalhe para sermos campeões, mas o Flamengo jogou como time campeão. Tenho certeza que no ano que vem vamos voltar ainda mais fortes”, projeta.
O sentimento de orgulho também foi ressaltado pelo administrador Flávio Basso, que fez questão de valorizar o adversário e a campanha rubro-negra. “Chegar a uma final contra o PSG, considerado o melhor do mundo, já é uma grande conquista. Pênaltis são uma loteria. Não há o que criticar”, diz. Para ele, o Flamengo mostrou que pode competir em alto nível, mesmo diante de clubes com investimentos bilionários. “Um dia a gente ganha o Mundial de novo. É preciso ter calma, trabalho e acreditar.”
Após o apito final, o clima no local foi de agradecimento e união. Em discurso aos torcedores, Alan Chagas, um dos administradores do FlaSorocaba, reforçou a importância do apoio da torcida e manteve viva a chama da esperança. “A gente agradece todo mundo que veio, de coração. Não é porque perdeu a final do Mundial que o Flamengo vai abaixar a cabeça. Em 2026, vamos ganhar a Libertadores de novo e voltar ao Mundial”, afirmou, sob gritos de incentivo.
Outro ponto lembrado pelos torcedores foi o peso histórico da decisão. O Flamengo entrou em campo com a missão de encerrar um longo jejum sul-americano em competições mundiais. O último clube do continente a conquistar um título mundial foi o Corinthians, em 2012, justamente contra um europeu, o Chelsea. Desde então, as equipes da América do Sul têm esbarrado na força financeira e técnica dos adversários europeus, o que torna ainda mais simbólica a campanha rubro-negra. Mesmo sem o título, o Flamengo mostrou que é possível reduzir essa distância e recolocar o futebol sul-americano em condição de competir de igual para igual no mais alto nível. Murilo Aguiar