Esporte desde cedo

De brincadeiras como pega-pega à prescrição médica de exercícios, esporte se mostra essencial para a saúde e o crescimento infantil

Por Thaís Verderamis

Sophie Magarotti superou o medo da água e hoje nada até na piscina grande

Nas ruas, quadras, piscinas, ginásios e academias, o esporte está presente em todos os cantos e, principalmente, na infância trazendo inúmeros benefícios. As crianças estão em constante aprendizado e até mesmo durante brincadeiras como o pega-pega, o corpo se exercita enquanto a mente assimila lições importantes.

Segundo o profissional de educação física e mestre em ciências da saúde, Bruno Renan Brondane, 28 anos, os benefícios das atividades na infância vão muito além do físico. “O esporte tem um papel fundamental no desenvolvimento infantil. Ele contribui para aspectos físicos, cognitivos, emocionais e sociais. No ponto de vista físico, promove um crescimento saudável, fortalece músculos, ossos e articulações e previne lesões. No cognitivo, melhora a concentração, por exigir foco e atenção, além da liberação de neurotransmissores importantes para o cérebro. Emocionalmente, desenvolve autoestima, reduz estresse e ansiedade e ensina a lidar com vitórias e derrotas. Socialmente, atividades coletivas fortalecem amizades, promovem o trabalho em equipe e o respeito às regras e aos colegas”, explica.

Além dos benefícios gerais, há esportes que funcionam também como meio de segurança, como é o caso da natação. A empresária Bruna Magarotti do Vale, 40, tem dois filhos: Sophie, 7, e Davi, 6. Com uma piscina em casa, a família optou por iniciar as crianças na natação desde muito cedo, no Clube de Campo de Sorocaba. “Desde os seis meses eles já fazem natação. Começaram na turma baby class, comigo e meu marido na água. A natação é obrigatória aqui em casa, principalmente nessa fase pequena, por uma questão de segurança. Sempre viajamos, vamos para a praia, para a piscina. Saber nadar é essencial”, conta Bruna.

O resultado apareceu logo: Davi aprendeu a nadar com 2 anos, e Sophie com 3. A menina, inclusive, superou o medo da água e hoje nada na piscina grande com a turma. Além da natação, ela pratica ginástica artística, enquanto o irmão mais novo faz futsal. “Nossa primeira motivação foi a saúde. Eles crescem mais fortes, com saúde respiratória boa. A natação ajuda muito nisso, mas também vemos o lado da socialização, o quanto é importante estar em um ambiente em que eles convivem com outras crianças, aprendem a se relacionar. Tudo isso vale muito a pena”, comenta a mãe.

A própria Sophie já entende o desafio e o valor da prática. “É bem legal, mas a água é gelada. É importante fazer esporte, mas também é difícil”, comenta. Essa fala traduz uma das grandes lições do esporte: a persistência diante das dificuldades e o esforço necessário para conquistar o que vale a pena.

Mais que uma escolha

Para algumas crianças, o esporte pode ser apenas um hobby, uma atividade extracurricular. Para outras, é uma necessidade. Enrico Maciel Goes de Almeida, 8, foi diagnosticado com Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), doença ainda silenciosa, mas que exige cuidados constantes, entre eles, a prática regular de atividades físicas.

A mãe, Juliana Maciel Goes de Almeida, 47, gerente financeira, conta que o esporte faz parte do tratamento. “Ele precisa se manter em movimento para não sentir dores. É uma recomendação médica. Desde os 5 anos, pratica ginástica, tênis e futsal”, explica. De acordo com o especialista Bruno, “a atividade física têm potencial de atuar como um remédio, desde que praticados com a frequência e intensidade adequadas”.

Mesmo sendo uma necessidade, a prática esportiva é abraçada com entusiasmo pela família. “Meu filho mais velho também sempre praticou esportes. Meu marido e eu gostamos muito. Acreditamos que o esporte é fundamental para o crescimento, inclusive social. Hoje em dia, com tanta exposição às telas, é uma forma de equilibrar. Eles vão para a escola de manhã, e à tarde fazem atividade física no Clube de Campo. Depois, até têm um tempo no computador, mas bem mais controlado”, relata Juliana.

A prática dentro da escola

A escola também é um importante espaço para incentivar o esporte. Bruno explica que “a prática esportiva faz parte do conteúdo escolar desde os primeiros anos, com atividades mais lúdicas no início e, depois, com regras e técnicas mais definidas”.

Um exemplo é o Colégio Politécnico que, recentemente, promoveu um interclasses reunindo as duas unidades — Centro (Unidade 1) e Alto da Boa Vista (Unidade 2). Os alunos participaram de várias modalidades, como futsal, vôlei, beach tênis, basquete, handebol, futebol soçaite e até disputas de videogame.

Os pais acompanham e incentivam, como é o caso da psicóloga Danielle Shibayama, 44, que matriculou o filho Lucas no jiu-jítsu. “Já são quatro anos. Ele está aprendendo a se defender, a ter disciplina e a conviver socialmente. O esporte também ensina sobre o mundo competitivo. Saber ganhar e perder faz parte”, diz.

Lucas Shibayama, 11, aluno do sexto ano, entende bem esse valor. “Eu gosto de fazer atividade física. Me sinto mais feliz quando estou jogando”, compartilha. E complementa: “É bom para a saúde. Se a gente não fizer exercício, pode ter muitos problemas”.

Já Isaac Floriano, 12, do sétimo ano, voltou da competição com uma marca de batalha: levou uma raquetada no rosto jogando pingue-pongue. No entanto, a lição foi mais forte que a dor. “Eu me diverti. O mais importante que aprendi com o esporte é respeitar os colegas e ser mais saudável”, diz.

Sua mãe, a administradora Solania Veronezi, 45, reforça a importância do esporte para o preparo da vida adulta. “O esporte não é só físico. Ele ajuda no foco, na disciplina, e isso tudo conta muito para o futuro”.

Na infância, o esporte ultrapassa o campo da atividade física. Ele molda caráter, desenvolve a mente, fortalece o corpo e prepara as crianças para os desafios da vida. Seja por escolha ou por necessidade, cada passo, corrida ou braçada é um investimento no futuro.