Palmeiras vence o Al Ahly por 2 a 0 e chega à decisão do Mundial

Por Cruzeiro do Sul

De pé trocado, Raphael Veiga abriu o placar aos 39 minutos do primeiro tempo.

O Palmeiras espantou ontem (8) toda a desconfiança e avançou à final do Mundial de Clubes da Fifa com uma vitória convincente sobre o egípcio Al Ahly, por 2 a 0, no Al Nahyan Stadium, em Abu Dabi, graças ao talento e poder de decisão de Raphael Veiga e Dudu. Jogará a decisão contra Al Hilal ou Chelsea, que se enfrentam hoje (9). O duelo que definirá o campeão será sábado, às 13h30 (de Brasília).

Foi um dia de ineditismos na capital dos Emirados Árabes Unidos. O Palmeiras marcou seu primeiro gol em um Mundial e conquistou seu primeiro triunfo na competição que se tornou obsessão para os alviverdes. Os palmeirenses, aliás, foram maioria no estádio e cantaram em uníssono a fim de levar o time ao tão desejado título mundial e encerrar os gracejos dos rivais.

O Palmeiras dominou o rival africano com inteligência, paciência e um bom futebol. É bem verdade que demorou a encontrar os espaços porque o Al Ahly teve competência em sua tarefa defensiva em parte do confronto. Mas o clube brasileiro, forte mentalmente, não se desesperou e encontrou naturalmente o caminho das redes com Veiga, no primeiro tempo, e Dudu, na etapa final.

No primeiro tempo, o time egípcio se fechou na defesa, bem como havia feito diante do Monterrey, e, disciplinado taticamente, dificultou a vida do rival brasileiro. Melhor preparado, descansado, mais maduro e acostumado com decisões, o Palmeiras, porém, dominou o jogo. Não encontrou facilidade para furar as linhas do rival, mas insistiu, manteve-se calmo e concentrado e teve êxito em sua paciente jornada até o caminho do gol, marcado com a participação de seus dois craques, Dudu e Raphael Veiga.

A retranca do adversário foi furada com concentração, qualidade na saída de bola, talento e uma conclusão precisa. Zé Rafael roubou a bola na ponta esquerda e tocou para Danilo, que serviu Dudu. O camisa 7 deixou Veiga na cara do gol e o meio-campista canhoto bateu com o pé direito para vencer o goleiro Lotfy aos 39 minutos. Eufóricos, os palmeirenses, em maioria no estádio, cantaram alto até o intervalo. O Al Ahly apostou em lançamentos longos e em contra-ataques, mal-sucedidos, porém.

Se teve de usar a paciência para superar o ferrolho do rival do Egito no primeiro tempo, no segundo foi mais fácil para o Palmeiras conseguir tal feito e ampliar o placar. No lance do gol, os papéis se inverteram. Veiga foi o garçom e Dudu balançou as redes. A fim de jogo, o camisa 7 aproveitou uma avenida pela direita, invadiu a área e concluiu no ângulo. Um golaço no Al Nahyan Stadium comemorado com efusão pelos torcedores alviverdes.

O Al Ahly, de acuado, se viu obrigado a atacar. E melhorou no jogo. Passou a ocupar o campo ofensivo e finalizou 10 vezes em poucos minutos -- na primeira etapa foram apenas dois chutes. O time egípcio até balançou as redes com Sherif após uma rara e grava falha de Weverton. Mas o atacante estava impedido no momento do arremate. Gol rapidamente revisado pelo VAR e anulado.

O ímpeto dos egípcios diminuiu à medida que o Palmeiras retomou o controle da partida. Abel tirou os craques do confronto, Dudu e Veiga, ambos muito aplaudidos, para lançar mão de Wesley e Jailson.

A equipe ajustou sua marcação e segurou o rival africano, que viu sua difícil missão de virar o duelo tornar-se impossível depois da expulsão de Ashraf. O defensor deu um carrinho violento em Rony e inicialmente recebeu apenas amarelo. O árbitro francês Clément Turpin foi ao monitor do VAR e reviu sua decisão ao apresentar o vermelho para o atleta.

O cenário passou a ser ainda mais favorável ao Palmeiras, que usou as substituições para ganhar tempo e esfriar o jogo. No fim, entraram também Atuesta, Deyverson e Breno Lopes. O Verdão está na final e jogará no sábado uma das partidas mais importantes de sua história. 

PALMEIRAS 2 x 0 AL AHLY

Palmeiras - Weverton; Gustavo Gómez, Luan e Piquerez; Marcos Rocha, Danilo, Zé Rafael (Atuesta) e Gustavo Scarpa (Breno Lopes); Raphael Veiga (Jaílson), Dudu (Wesley) e Rony (Deyverson). Técnico: Abel Ferreira

Al Ahly-EGI - Aly Lotfy; Rabia (Fathy), Ibrahim e Ashraf; Hany, Aliou, Elsoulia (Abdelkader) e Ali; Elshahat (Sherif), Afsha e Mohamed (Soliman). Técnico: Pitso Mosimane

Gols - Raphael Veiga, aos 39 minutos do primeiro tempo; Dudu, aos 4’ do 2ºT

Cartão vermelho - Ashraf

Árbitro - Clément Turpin (França)

Renda e público - Não disponíveis

Local - Al Nahyan Stadium, em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos

Dudu e Veiga têm grandes atuações

No Palmeiras desde 2015, Dudu ficou um ano e quatro meses fora do Verdão, entre março de 2020 e julho de 2021, quando foi emprestado para o Al Duhail, do Catar -- disputando o Mundial de Clubes do ano passado pela equipe árabe. Ontem (8), pelo Verdão, o camisa 7 deu uma assistência para Raphael Veiga abrir a contagem e um golaço que fechou o placar de 2 a 0 sobre o Al Ahly.

“A gente se entende muito bem (dentro de campo). Cada vez mais nos entrosamos e o time tem muita qualidade”, destacou Dudu, apontando obediência tática. “O time jogou bem. A gente deu um passo muito importante. O time fez aquilo que o Abel pediu: marcamos muito bem e saímos rápido em velocidade.”

Raphael Veiga também fez gol, aos 38 minutos, e concedeu assistência no segundo tempo: passe de calcanhar para Dudu sair em disparada, invadir a grande área e deixar a sua marca. “Primeiro jogo difícil, contra uma grande equipe. Mas soubemos conduzir a partida com muita maturidade, então fico feliz pelo meu jogo, mas, principalmente, pela vitória da equipe. Fico feliz pelo gol, pela assistência, mas também pelo fato de o time estar entrosado”, disse Veiga. 

Abel fica satisfeito com apresentação

O técnico Abel Ferreira ficou satisfeito com a atuação do Palmeiras na vitória por 2 a 0 sobre o Al Ahly e destacou os pontos positivos da equipe. “Foi uma vitória justa e de uma equipe inteligente. Aqui ganhamos todos juntos e perdemos todos juntos. Gosto de ter equilíbrio na vida, foi o que fez a gente ganhar. Respeitamos o adversário e seguimos o plano”, disse o português.

“A final é Davi contra Golias. Nunca vendi ilusões a ninguém. É verdade, vamos ver quem será o adversário. Falo do próximo jogo quando sair o adversário. Temos um propósito: ganhar”, reiterou, sobre a decisão.

Abel destacou o caráter da equipe, que soube respeitar o adversário e manter a concentração durante os 90 minutos. “As pessoas perguntam qual é o segredo do sucesso. É muito simples. Trabalho e disciplina. Não é fazer o que eu quero, é fazer o que é preciso. Eu aceito todas as críticas, não tem problema. Todos gostam mais de elogio, mas muitas vezes o elogio amolece. A corda tem que estar sempre esticada.”

O treinador também elogiou a presença da torcida palmeirense em Abu Dabi, maioria no estádio. “Foi espetacular estar no banco e ver tudo de verde. Parecia que estava no Allianz Parque.” (Da Redação, com Estadão Conteúdo)