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Mantras, mentalidade e obsessão colocaram Abel na história do Palmeiras

26 de Dezembro de 2021 às 00:01
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Abel Ferreira: muitas facetas em uma só personalidade.
Abel Ferreira: muitas facetas em uma só personalidade. (Crédito: CESAR GRECO / AGÊNCIA PALMEIRAS)

Como boa parte dos times brasileiros, o Palmeiras passou os últimos anos trocando de técnicos, à deriva sobre qual perfil de comandante escolheria. Sugerido por empresários ao ex-presidente Maurício Galiotte, Abel Ferreira chegou em outubro de 2020 e mudou esse cenário. O vitorioso treinador, já entre os maiores da história do clube, começou e terminou uma temporada no comando palmeirense, algo raro neste século, e dará início a mais uma jornada à frente do tricampeão continental depois de conduzir a equipe a três títulos em pouco mais de um ano.

Mas como, para além dos troféus, o português de 43 anos -- completados na última quarta -- conhecido pelas suas estratégias, declarações sinceras e bordões, se tornou um profissional tão prestigiado a ponto de o Palmeiras, agora presidido por Leila Pereira, não medir esforços para mantê-lo no cargo e lhe pagar um dos salários mais altos do futebol brasileiro?

Jogadores, funcionários, dirigentes do Palmeiras e pessoas do entorno de Abel ajudam a entender como o português se comporta no dia a dia e o que faz dele -- além dos títulos -- um treinador tão respeitado, valorizado e querido no clube. Seu contrato, aliás, será ampliado por um ano e ele terá um aumento significativo. Ele fez a grande reflexão que prometera depois de um ano desgastante e decidiu continuar seu trabalho.

Eles foram unânimes em dizer que, em relação ao jogo, sobressaem a inteligência, dedicação e o desejo de vencer do luso. Fora dele, chama a atenção o lado humano do treinador, homenageado pelos funcionários quando completou um ano no cargo, ocasião em que se emocionou. Devolveu a reverência ao entregar um quadro com as fotos de todos os colaboradores do departamento de futebol do Palmeiras e de outros setores. Não é incomum, também, o português presentear funcionários com vinhos, por exemplo.

“O Abel é um cara muito inteligente, muito estrategista. É fantástico. É um cara que todos admiram”, resume o goleiro Vinícius Silvestre. “Acho importante destacar a intensidade do trabalho, como também a determinação em seguir os processos”, descreve Paulo Buosi, vice-presidente do clube.

Abel tem várias facetas. É vaidoso, teimoso, emotivo, empenhado, estudioso, inquieto, exigente e intenso. Se é possível dar destaque a uma de suas idiossincrasias, é a intensidade. Ele crê que sendo assim, entregando-se ao trabalho, está mais perto das conquistas. “Eu vivo o futebol de forma intensa e apaixonada”, expressou o técnico recentemente. Seu time oscila muitas vezes, mas é capaz de fazer jogos memoráveis, como o 3 a 0 sobre o River Plate na Argentina nas semifinais da Libertadores de 2020, o 4 a 0 em cima do arquirrival Corinthians no Brasileirão de 2020 e o 3 a 0 diante do São Paulo nas quartas da última Libertadores.

Umas das particularidades de Abel é preferir, muitas vezes, jogadores sem tanta técnica, mas esforçados, a craques que podem atrapalhar o ambiente. Ele foi contrário à contratação de Hulk porque o atacante, hoje no Atlético-MG, não chegaria em um momento adequado, na sua visão. Na época, em janeiro, o time estava concentrado para a final da Libertadores contra o Santos. “Se me derem para escolher entre um craque e um homem, se o craque não sabe o que é coletivo não serve para a minha equipe”, explicou, sem se referir a Hulk especificamente. Sua fala foi genérica.

O caso mais claro de jogadores que não esbanjam talento, mas se empenham em campo e tiveram chance com Abel é Deyverson, o “sapinho que virou príncipe”, nas palavras do luso. O técnico bancou a reintegração do atleta quando a diretoria não sabia o que fazer com ele. E a decisão foi acertada, já que o predestinado atacante fez o gol do tri da Libertadores. “Abel é coração. Faz o que sente”, afirmou o controverso atacante. (Estadão Conteúdo)