Abner vai a Tóquio

Boxeador formado em projeto social de Sorocaba defenderá o País

Por Marina Bufon

Abner Teixeira.

O Brasil será representado por sete boxeadores nos Jogos Olímpicos de Tóquio -- três mulheres e quatro homens. Das 49 vagas gerais disponíveis em 13 categorias diferentes, os melhores colocados no ranking foram selecionados, sendo um deles o sorocabano Abner Teixeira (até 91 quilos). Ele está entre os 14 mais bem classificados do mundo e no top-3 da América e esta será sua primeira participação na competição.

“As expectativas são as melhores. Conheço os adversários de perto e tenho uma equipe excelente trabalhando comigo. Felizmente a pandemia não é mais um problema, porque conseguimos encaixar e ajustar a rotina e seguir com o trabalho, mesmo com as restrições. Fomos vacinados recentemente e mesmo assim somos testados toda semana, para segurança de todos”, explicou o boxeador.

Além de Abner, Graziele Jesus (até 51 kg), Jucielen Romeu (57 kg), Bia Ferreira (60 kg), Wanderson Oliveira (63 kg), Hebert Conceição (75 kg) e Keno Marley (81 kg) buscarão uma medalha para tentar manter o País no pódio pela terceira Olimpíada consecutiva. Nas anteriores, Adriana Araújo (bronze), Yamaguchi Falcão (bronze), Esquiva Falcão (prata) e Robson Conceição (ouro) foram premiados.

A rotina deles não está sendo fácil, com treinos duas vezes por dia, de segunda a sábado, no CT da Equipe Olímpica Permanente, em São Paulo, junto a uma equipe multidisciplinar formada por massoterapeuta, fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga.

Uma luz para o futuro

Abner Teixeira da Silva Junior, atualmente com 24 anos, começou sua curta e já vitoriosa carreira no projeto “Boxe -- Uma Luz Para o Futuro”, em Sorocaba, organizado por Vladimir Juliano de Godoi, que atualmente é presidente da Federação de Boxe do Estado de São Paulo.

“Ele começou ainda cedo, no final de 2009 e início de 2010, na unidade do Maria Eugênia, na zona norte. Começou com aulas de boxe e também praticava outras modalidades, como o basquete, mas em 2011 ele se interessou por uma peneira que fizemos e acabou indo para as categorias de base da equipe, o Atleta do Futuro, outro projeto. Só depois de dois anos colocamos ele e aquela geração para competir”, disse Vladimir.

“Comecei com competições menores, como Jogos Regionais e Paulista, até chegar nos Pan-Americanos e Mundiais, na maioria obtendo bons resultados”, avaliou Abner.

De fato, logo nas primeiras competições que participou, sagrou-se campeão e, por isso, acabou chamando atenção da Confederação e da própria Seleção Brasileira.

“Ele fez um estágio e depois o efetivaram por lá. Hoje, é um dos principais peso-pesados do mundo, integrante da Seleção olímpica, com vaga na elite da elite do boxe mundial. Ele teve e tem uma carreira muito bem gerenciada, sempre foi um garoto muito bom de coração, esperto, inteligente, vem de uma boa família, e está galgando degraus mais altos. Com certeza deve fazer bonito e trazer uma medalha para o Brasil”, afirmou seu técnico de formação.

Qualidades indispensáveis

O sorocabano Abner Teixeira é canhoto, o que lhe garante ao menos alguma vantagem em relação à maioria dos outros boxeadores, que são destros e acabam treinando com destros. Além disso, ele também é muito inteligente na luta, com capacidade alta de avaliação tática e de tomada rápida de decisões. No entanto, não é só o físico que o assegura como um bom atleta.

“Como pessoa, o Abner tem muitas qualidades. Além da hombridade e do caráter, ele também é bem determinado e disciplinado, o que o torna um ótimo boxeador, mas também um ótimo ser humano. É o que eu falo sempre aqui: não adianta pegar um atleta que é bom nas quatro linhas, no ringue, mas fora, se não for uma boa pessoa, a vida dele é curta dentro do esporte também. Não se pode transformar vidro em diamante”, ressalta o técnico.

“É lógico que há uma torcida especial por ele, por ser prata da casa. A expectativa é que ele faça ótimos Jogos, que ele conquiste muitas vitórias e que ele possa, no ringue, transformar toda a dedicação dos últimos anos em vitórias, para garantir a medalha de ouro e, assim, consagrar essa brilhante carreira dele, que não está nem na metade”, finalizou Vladimir. (Marina Bufon)