Venda de imóveis reforça caixa de empresas

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Crédito da foto: Pedro Negrão / Arquivo JCS

A taxa básica de juros na mínima histórica e o apetite de investidores por aplicações de maior rentabilidade colocaram em ebulição o mercado imobiliário no País e levaram empresas donas de escritórios, galpões ou lojas a se desfazer dos ativos para reforçar o caixa.

A estratégia está sendo utilizada não só por companhias em dificuldade e que buscam se desviar de uma renegociação de dívidas na Justiça, mas também por aquelas que estão com a saúde financeira em dia, mas querem levantar recursos -- como o GPA, dono da marca Pão de Açúcar, e a varejista Pernambucanas, que venderam dezenas de lojas nos últimos meses.

“Esse movimento começou em 2020 e tende a continuar. Em 2021, ainda veremos muito disso”, afirma o coordenador do curso de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelson Sampaio. Segundo ele, outra frente que também está movimentando esse mercado vem de empresas que estão diminuindo o tamanho de seus escritórios para passarem a ter um modelo híbrido de trabalho, entre o presencial e o remoto.

A experiência com o trabalho remoto foi um dos motivos para a Usiminas começar a procurar um novo dono para o icônico prédio de sua sede em Belo Horizonte. A venda acaba de ser fechada e o edifício será transformado em hospital. Parte dos funcionários será realocada em um imóvel que será alugado.

“O que está ocorrendo, na minha opinião, é uma migração para algo mais normal, que é as empresas carregarem menos imóveis no balanço e alocarem mais recursos nas suas atividades fim”, diz o sócio e gestor responsável pela estratégia de crédito estruturado da Hectare Capital, Eduardo Malheiros. (Fernanda Guimarães - Estadão Conteúdo)