Toyota encerrará terceiro turno e demitirá 740 em Sorocaba e 100 em Porto Feliz

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Aos setes anos da instalação em Sorocaba, a Toyota enfrenta dificuldades e demite. Crédito da foto: Divulgação

Trabalhadores da fábrica da Toyota, em Sorocaba. Crédito da foto: Yasuyoshi Chiba (9/8/2012)

Atualizada às 10h54

A Toyota já demitiu 340 funcionários de sua planta em Sorocaba e até o dia 5 de agosto, quando encerrará o terceiro turno da unidade, demitirá mais 400 trabalhadores, encerrando os contratos temporários estabelecidos quando aquele turno foi criado, no final do ano passado, num total de 740. Em Porto Feliz, onde são fabricados os motores da marca, as demissões atingirão 100 funcionários, e será encerrado também o terceiro turno.

Inicialmente houve uma má interpretação das informações do fabricante, com a divulgação de que seriam demitidos 400 colaboradores em Sorocaba. Na realidade, a fábrica quer eliminar todas as vagas criadas para o terceiro turno.

Cerca de 340 estão sendo desligados da empresa nesta semana, enquanto os restantes serão demitidos ao longo do mês de julho. Em agosto a unidade voltará a operar com apenas dois turnos de produção.

Em Sorocaba, o terceiro turno foi criado em 2018 e começou a funcionar efetivamente em novembro, para poder acomodar a produção dos dois modelos da planta: o veterano Etios e o novato Yaris, ambos com duas carrocerias, hatchback e sedã. A Toyota tinha, antes das demissões, 2.800 funcionários em Sorocaba. Os sistemistas têm 2 mil funcionários e ainda não anunciaram demissões.

As demissões começaram a ocorrer na segunda-feira (17) com o desligamento de 340 trabalhadores com contratos temporários. Como o Cruzeiro do Sul havia divulgado no final do mês de maio, a principal causa das demissões seria o fraco desempenho nas exportações da marca, afetado principalmente pela crise da Argentina, o maior importador dos automóveis brasileiros da marca.

O Etios chegou a ser o carro mais vendido na Argentina durante um período. O mercado interno cresceu 11,4% no primeiro trimestre do ano segundo dados da Anfavea, associação que reúne os fabricantes, crescimento que não é suficiente para que a Toyota mantenha o funcionamento de três turnos em suas fábricas, informou o fabricante. A instabilidade do câmbio também não ajuda as exportações.

Nos cinco primeiros meses do ano a Toyota foi o 6º maior fabricante brasileiro, com 8,29% de participação de mercado na soma de automóveis e comerciais leves. O sedã médio Corolla é o 12º mais vendido no Brasil e os novos produtos da planta de Sorocaba vão gradativamente conquistando mercado. Até o final do maio foram vendidos 15.169 unidades do Yaris hatch e 12.781 unidades do sedã, enquanto percebe-se uma queda nas vendas do Etios no mesmo período: 7.523 do hatch e 5.196 do sedã.

Enxugando a produção

A Toyota havia anunciado demissões no final de maio. A informação da empresa, confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, era de que seriam demitidos entre 340 e 350 funcionários. Abriu um Plano de Demissão Voluntária (PDV) e apresentou uma proposta para os próximos três anos com a redução de uma série de benefícios dos trabalhadores, considerado bastante severo.

Entre as propostas estava a redução do PLR (Participação nos Lucros e Resultado) em 10%. Na proposta consta ainda zerar o aumento real de salários de 2019 a 2021; reajuste zero de salário em 2019; redução do adicional noturno; a implantação da coparticipação da assistência médica, entre outras medidas.

Aos setes anos da instalação em Sorocaba, a Toyota enfrenta dificuldades e demite. Crédito da foto: Divulgação

O PDV teve pouquíssimos interessados e ontem a direção da empresa confirmou as demissões e o encerramento do terceiro turno nas duas unidades. As demissões atingem principalmente os trabalhadores com contrato temporário.

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A empresa faz contrato direto com funcionários, renováveis a cada seis meses. Após dois anos o funcionário é incorporado ao quadro de efetivos da empresa, ou é dispensado. No final do ano passado foram contratados cerca de 740 trabalhadores para o terceiro turno. Esses funcionários estão sendo demitidos agora. O terceiro turno funcionará na fábrica de Sorocaba até o dia 5 de agosto. A empresa espera com essa medida adequar sua produção à demanda do mercado. (Adalberto Vieira)