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Supermercados acusam indústria de alterar preço

03 de Abril de 2020 às 00:01

Supermercados acusam indústria de alterar preço Alta do leite por fornecedores foi questionada na Justiça. Crédito da foto: Pedro Negrão / Arquivo JCS (16/8/2013)

Nas últimas duas semanas, supermercadistas e fabricantes de alimentos vêm travando uma queda de braço com impactos diretos na mesa dos consumidores brasileiros. Os varejistas reclamam abertamente dos reajustes aplicados pela indústria a alguns alimentos que compõem a cesta básica -- como cereais, lácteos, legumes e frutas --, que em alguns casos ultrapassaram os 70% de uma semana para outra.

Os fornecedores, por sua vez, alegam aumento de demanda e questões operacionais para essa alta, como o custo logístico. Especialistas dizem que a alta é circunstancial e os preços devem arrefecer daqui para a frente.

Seja como for, os supermercadistas se dizem pressionados pelos consumidores. Segundo levantamento realizado nesta semana pela Associação Paulista dos Supermercados (Apas), o preço do leite subiu 36,4% em uma semana, o feijão disparou 50,3% e o molho de tomate, 32,5%. Como resposta, algumas redes fixaram cartazes nas gôndolas, ao lado dos produtos, chamando a atenção dos clientes para os aumentos por elas considerados abusivos e fazendo questão de remeter toda a responsabilidade da remarcação aos seus fornecedores.

Algumas redes, orientadas pelas entidades do setor, reduziram o volume de pedidos e, para conseguir atender à demanda da clientela, adotaram práticas restritivas, como a de racionamento de compras.

Em atitude mais extrema, como a remarcação do leite e de seus derivados, a queixa foi parar no Ministério da Justiça, em denúncia formal enviada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Segundo o comunicado da entidade, o setor “não compactua com elevação injustificada de preços, principalmente num período de fragilidade da população no que se refere à saúde pública”.

Para o presidente da Apas, Ronaldo Santos, existem fatores que levariam a uma alta de alguns produtos, mas em boa dose há um exagero por parte dos fornecedores. “Eu falei com a cadeia de fornecimento inteiro para entender os porquês dessa alta e, confesso, não consigo explicá-la para o consumidor.” (Renato Jakitas - Estadão Conteúdo)