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Queda de 9,7% do PIB indica recessão no País

02 de Setembro de 2020 às 00:01

Queda de 9,7% do PIB indica recessão no País Ministro da Economia acredita em retomada rápida. Crédito da foto: Marcello Casal Jr. / Arquivo Agência Brasil

As expectativas em relação ao desempenho da economia brasileira em 2020 até melhoraram, após a divulgação de dados mais recentes, de junho e julho, mas a pandemia de Covid-19 levou a um tombo histórico no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, assim como ocorreu em praticamente todos os países, confirmou ontem IBGE. A retração de 9,7% em relação aos três primeiros meses do ano é a maior da atual série histórica do IBGE, iniciada em 1996, mas, segundo cálculos de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), não há registro de um trimestre com desempenho pior desde 1980.

Foi também o segundo trimestre de retração -- a queda do primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2019 foi revisada para 2,5%, ante o 1,5% inicialmente informado --, primeira vez que isso ocorre desde 2016. As duas retrações seguidas caracterizam uma “recessão técnica”, classificação comumente usada no mercado financeiro, embora o comitê independente da FGV dedicado a analisar os ciclos econômicos já tivesse marcado o início da recessão no primeiro trimestre.

A queda do PIB no segundo trimestre foi tão pior do que em outras crises porque “nunca antes se propôs uma política que fosse desligar a economia”, diz Eduardo Zilbermann, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, numa referência às regras de restrição ao contato entre as pessoas, como forma de estancar o avanço da Covid-19. Em outras crises econômicas -- causadas por inflação, desequilíbrios nas contas externas ou bolhas financeiras, etc. --, as empresas entram em dificuldade, suspendem investimentos e demitem funcionários, ou a renda das famílias é corroída, e elas consomem menos.

O quadro catastrófico só não foi pior por causa das medidas adotadas pelo governo para mitigar a crise, com destaque para o auxílio emergencial de R$ 600.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que não causa preocupação ao governo o recuo histórico de 9,7% do PIB, no 2º trimestre. “Isso é impacto do raio que caiu em abril”, afirmou Guedes, sobre os impactos da crise do coronavírus na economia brasileira. “Isso é de impacto lá atrás. Estamos decolando em V”, disse, usando a metáfora para explicar que após uma queda rápida da atividade, deve acontecer também uma alta na mesma intensidade. (Estadão Conteúdo)