Quatro mil empresas se comprometem a não demitir
Crédito da foto: Arquivo JCS
Mais de 4 mil empresários assinaram até o início desta semana um manifesto em que se comprometem a não cortar funcionários por ao menos dois meses, apesar dos reflexos da pandemia da Covid-19 na economia. Ainda que o abaixo-assinado não tenha valor jurídico, apenas simbólico, a expectativa dos organizadores é preservar até 2 milhões de empregos.
Criado no último dia 3, por iniciativa da Ânima Educação, o site naodemita.com conta com assinaturas de empresas de grande porte, como as varejistas Magazine Luiza e GPA (das redes Pão de Açúcar e Extra), os bancos Santander e Itaú Unibanco e fabricantes de cosméticos, como Natura e Boticário.
Quando a ideia surgiu, 40 empresas se interessaram pela iniciativa, conta o presidente do conselho da Ânima Educação, Daniel Castanho, que lançou o projeto. A empresa tem mais de 8 mil colaboradores. Nos dias seguintes, Castanho passou a estimular empresas de todos os portes a aderirem.
“Escrevi um manifesto, mas o número de pessoas que se interessaram foi tão além das expectativas que acabou virando um movimento”, conta o executivo. “A ideia era provocar outras empresas. A responsabilidade do empresário é fazer com que o impacto na economia agora seja o menor possível.”
Como o valor do abaixo-assinado é simbólico, quem aderir e descumprir corre o risco de ser exposto nas redes sociais pelos próprios funcionários, diz Castanho. “Mas a intenção de todos é positiva. As empresas têm de entender que fazem parte de um ecossistema em que a saúde de todos os negócios depende da manutenção dos empregos.”
No início do mês, o Santander divulgou estudo prevendo que o pior momento da crise econômica no mercado de trabalho deve acontecer no fim do segundo trimestre. O banco é um dos que assinam o manifesto.
O “Não Demita” ocorre na contramão da postura de empresários como Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, que declarou logo no início das medidas de isolamento social que cortaria mais de 600 funcionários por causa da perda de faturamento causada pela pandemia da Covid-19. (Douglas Gavras - Estadão Conteúdo)