Número de inadimplentes cai, mas valor das dívidas cresce

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Promoções e facilidade do cartão de crédito fazem consumidor gastar além do orçamento - PEDRO NEGRÃO / ARQUIVO JCS (5/10/2016)

O número de inadimplentes em Sorocaba caiu pouco de maio para junho no comércio de Sorocaba, de 80.997 para 80.547 (0,56%), mas o total das dívidas, ao contrário, subiu de R$ 73,9 milhões para R$ 74,2 milhões. Quanto aos registros de débitos, também houve queda, de 157.327 para 155.327 (1,18%).

"O valor da dívida por pessoa foi maior neste período, mas a quantidade de registros foram menores que o mês anterior", diz o economista Rafael Muscari, da Associação Comercial de Sorocaba/Esamc Jr. Pela média, cada inadimplente na lista da Associação Comercial deve R$ 921, em uma ou mais dívidas.

Os Cadastros de Pessoa Física (CPFs) que aparecem na lista de inadimplência diminuíram de maio para junho, mas aumentaram se o mês for comparado com junho de 2017, quando 76.285 pessoas integravam a lista dos que não pagaram suas dívidas no comércio sorocabano.

Na comparação de junho de 2017 e de 2018, o registro de inadimplentes caiu 6,6% -- eram 166.379 no ano passado. Já o volume devido em dinheiro subiu 4,6%, pois em 2017 eram R$ 71 milhões.

"Todos os inadimplentes gastam mais do que ganham, não dá para fugir disso", pondera o economista e educador financeiro Daniel Canineu. "As pessoas não sabem o quanto gastam e às vezes até nem o quanto ganham. Pensam no salário bruto, mas esquecem dos descontos." Para se reeducar financeiramente, Canineu orienta que os consumidores verifiquem exatamente qual sua renda e anotem todos os seus gastos, por pelo menos 30 dias.

"Muita gente faz a contabilidade mental. Acredita nos números que calcula mentalmente e no fim percebe que falta dinheiro. Isso porque sempre aparecem despesas não planejadas", diz o economista. Sabendo para onde está indo o dinheiro é possível se reorganizar e, de acordo com o economista, isso não necessariamente significa piorar a maneira de viver. "Deve-se mexer onde não se perca qualidade de vida. Fazer escolhas mais inteligentes, mas não deixar de lado aquilo que dá sentido à vida."

A maior parte dos consumidores utiliza o cartão de crédito para fazer compras e por consequência se tornam dívidas, aponta a pesquisa da Acso. "Dados locais, que são reflexo do que acontece nacionalmente, explicam que a falta de renda ocasionada pelo desemprego é o que mais prejudica o pagamento das contas e, consecutivamente, leva à inadimplência. O desemprego, historicamente, se mantém na liderança dos motivos que levam à inadimplência", diz Sérgio Reze, presidente da associação.

Canineu destaca que, como ferramenta de organização financeira, o cartão de crédito é a melhor que existe, mas isso para quem é organizado. "As pessoas pensam no valor da parcela. Ela até pode caber no bolso, mas é preciso lembrar de quantas você já carrega no seu cartão." Para quem não tem controle de suas finanças, Canineu indica uma única alternativa ao cartão de crédito: não ter. "Não é não ter para sempre, mas até que as contas se organizem. Se as famílias conversarem sobre as finanças, de planejarem, é possível sair do endividamento para a realização de sonhos."