Guedes relaciona Renda Brasil a deduções no Imposto de Renda
Crédito da foto: Alan Santos / Arquivo Presidência da República (3/4/2020)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ao presidente Jair Bolsonaro que para o benefício médio do Renda Brasil chegar a R$ 300, como quer o presidente, é preciso cortar as deduções de saúde e educação do Imposto de Renda.
Como mostrou o Estadão, Bolsonaro achou pouco o valor médio de R$ 247 para o novo programa pensado pelo governo para substituir o Bolsa Família.
Hoje, o valor médio pago pelo programa criado pela gestão petista é de R$ 190. A criação do Renda Brasil está atrelada a uma reformulação de programas considerados “ineficientes” pela equipe econômica, como abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos) e seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida), entre outros.
Presidente quer manter valor
Nesta terça-feira (25), Bolsonaro disse a parlamentares que deseja manter valor do Renda Brasil igual às últimas parcelas previstas do auxílio emergencial de R$ 300.
Com isso, o governo que evitar que o programa de assistência social para substituir Bolsa Família comece com o desgaste de um valor menor do que o benefício pago atualmente a informais para enfrentar a crise provocada pela pandemia.
O auxílio emergencial é visto como um dos fatores que fizeram o presidente atingir a maior índice de popularidade desde o início do governo.
Guedes disse ao presidente que é possível ampliar o valor para R$ 300, desde que haja um corte nas deduções do Imposto de Renda.
Ricos são mais privilegiados
De acordo com os dados da Receita Federal, os mais ricos são os mais privilegiados com o abatimento de despesas médicas e educacionais da base de cálculo do imposto.
Estudo do Ministério da Economia aponta que as deduções representam o valor mais expressivo -- R$ 15,1 bilhões ao ano -- dentre os chamados gastos tributários do governo com saúde. Isso representa quase um terço dos subsídios na área.
Os números mostram que os 19,7% mais ricos abateram R$ 44,4 bilhões em despesas com saúde na declaração de 2018, que considera os rendimentos obtidos no ano anterior. O valor é mais da metade do total da isenção.
A lei hoje não estabelece nenhum teto para deduções de despesas médicas da base de cálculo do Imposto de Renda. O limite para a dedução existe no caso dos gastos com educação -- é possível abater até R$ 3.561,50 por dependente. (Adriana Fernandes e Jussara Soares - Estadão Conteúdo)