Expectativa segue positiva para ações de bancos, apesar do cenário macro

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mais da metade do total movimentado se concentra nas mãos de uma parcela ínfima dos aplicadores. Crédito da foto: Arquivo AFP / Nelson Almeida

A fraqueza recente da economia não deve afetar o desempenho das ações dos bancos na Bolsa. A previsão é de que as instituições devem seguir apresentando taxas de crescimento e inadimplência sob controle. Segundo profissionais consultados, o problema deve ser secundário para as ações, que tendem a reagir positivamente às reformas, em especial à Previdência.

Para o estrategista de pessoa física da Santander Corretora, Ricardo Peretti, a visão continua positiva para o setor. No geral, a combinação de despesas abaixo da inflação, spreads estáveis e inadimplência sob controle permitirão uma expansão média de 17% ao ano do lucro por ação dos bancos brasileiros em 2019. "Quanto à recente desaceleração da economia doméstica, acreditamos que o guidance (meta) dos bancos para este ano já contemplava um cenário mais conservador para 2019, o que mantém as nossas expectativas otimistas ainda válidas para o restante do ano", afirma.

O economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira, avalia que os maiores bancos privados estão bem adaptados ao cenário econômico E caso a reforma da Previdência saia com maior celeridade e profundidade, acrescenta, pode-se projetar aceleração no último trimestre de 2019 e para o próximo ano. "Situamos o setor bancário privado como boa alternativa conservadora de aplicação", diz.

Felipe Silveira, da Coinvalores, também destaca a importância das reformas. O profissional vê a questão do crescimento mais fraco no curto prazo como secundária para os papéis dos bancos em relação à importância da aprovação das reformas. "Se a proposta caminhar como esperado, os bancos devem responder positivamente por conta do impacto disso no crescimento de médio e longo prazo da economia", explica.

De uma forma geral, todos os setores aguardam incentivos via equipe econômica do ministro Paulo Guedes e também que o Banco Central utilize instrumentos para melhorar a percepção de risco e incentivar a tomada de crédito. "Alguns caminhos possíveis estão na mesa como o caso da possibilidade de redução na Selic e o BC cortando compulsório bancário na ordem de R$ 8 bilhões com a ideia central em estimular a atividade interna", destaca o analista de investimentos da Terra, Régis Chinchila.

O analista André Ferreira da MyCAP diz que mesmo com a indefinição política e econômica, o setor mantém o viés positivo para médio e longo prazo. "Dada a expectativa de menor crescimento do crédito, os bancos buscam nesse momento o redimensionamento e melhor gerenciamento de risco para suportar o investimento no cenário atual", lembra.

O analista Victor Luiz de Figueiredo Martins da Planner avalia que os resultados do primeiro trimestre vieram acima ou dentro do esperado, o que gera uma base de comparação forte. Ele cita que os quatro maiores bancos com ações na B3 (Itaú, Bradesco, BB e Santander) o lucro consolidado cresceu 20% em relação a igual trimestre do ano passado.

Pedro Galdi, da Mirae Asset, acredita que a economia deva ser destravada ao longo do segundo semestre oferecendo grande oportunidade de crescimento de carteiras de crédito. "Seguimos otimistas e destacamos a capacidade do setor em se ajustar de forma rápida às mudanças da conjuntura econômica do País", afirma.

Termômetro

Após melhora expressiva nas expectativas para a aprovação da reforma da Previdência nos últimos dias, o mercado financeiro está menos pessimista sobre o desempenho do Ibovespa na semana que vem, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa.

A pesquisa tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice na semana seguinte.

Entre 31 participantes, os que esperam que a próxima semana será de ganhos representam 48,39% do total e os que esperam queda, 19,35%. No último Termômetro, as expectativas para o índice nesta semana eram de alta para 40,63% e de baixa para 43,75%. Na atual pesquisa, a previsão é de estabilidade para 32,26%, ante 15,63% na semana passada. A Bolsa acumulou avanço de 4% nesta semana.

Na agenda doméstica, o destaque é a divulgação do PIB do primeiro trimestre, para o qual a expectativa do mercado é de um número negativo a partir da sinalização ruim vinda dos dados da indústria, serviços e do mercado de trabalho.

No exterior, não haverá negócios nos Estados Unidos na segunda-feira em função do feriado do Memorial Day. Na quinta-feira, será divulgada a segunda leitura do PIB norte-americano do primeiro trimestre e, na sexta-feira, a agenda traz o índice de preços dos gastos com consumos (PCE, na sigla em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve (banco central americano), referente a abril. Na China, será conhecido o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) de maio.

Na Europa, o resultado das eleições ao Parlamento Europeu, que terminam hoje, deve ser conhecido já na segunda. E, do mesmo modo, o Reino Unido está no foco. "Com o anúncio de renúncia de Theresa May em junho, as atenções se voltam para a indicação do novo primeiro-ministro e as consequências para o Brexit", afirma o Bradesco. (Por Beth Moreira - Estadão Conteúdo)