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Dólar fecha perto de R$ 4,05 na menor cotação em um mês

21 de Setembro de 2018 às 18:35

 

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas no Brasil, subiu 1,70%. Crédito da foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress

 

A leitura, a partir de pesquisas divulgadas nos últimos dias, de que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) se consolida rumo ao segundo turno e candidaturas de esquerda avançam em ritmo menos intenso do que o esperado inicialmente ajudou o dólar a fechar a semana em baixa e levou a Bolsa novamente aos 79 mil pontos. O dólar comercial recuou 0,68% nesta sexta-feira (21), para R$ 4,048, menor cotação desde 21 de agosto, quando fechou a R$ 4,039. Na mínima da sessão de hoje, chegou a R$ 4,03. Na semana, acumula queda de 3%.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas no Brasil, subiu 1,70%, para 79.444 pontos. O índice fecha a semana com ganho de 5%, o segundo melhor desempenho semanal no ano.

Operadores apontam que o susto com a pesquisa Ibope de terça-feira (18), que mostrou Fernando Haddad (PT) avançando 11 pontos, de 8% para 19%, não foi inteiramente confirmado por levantamentos subsequentes. No Datafolha de quinta (21), o ex-prefeito atingiu 16% das preferências, três pontos a mais do que na semana passada, mesmo percentual apresentado pela pesquisa semanal da corretora XP nesta sexta.

No Ibope, no Datafolha e na última pesquisa da XP Bolsonaro avançou para 28% das intenções de voto. "Além do crescimento gradativo de Bolsonaro, o avanço de Haddad parece mais limitado. Aqueles 19% assustaram, mas a leitura agora é de que seja algo entre 16% e 17% em média", diz o operador Cleber Alessie, da H.Commcor. Ele destaca ainda que Ciro Gomes (PDT) parece ter perdido fôlego, o que agradaria ao mercado, porque o candidato é visto como um nome mais forte para barrar Bolsonaro em um eventual segundo turno.

No Datafolha, Ciro aparece estagnado com 13%, tecnicamente empatado com Haddad na margem de erro de dois pontos percentuais. Mas simulações para segundo turno mostram que Ciro é o único candidato que venceria todos os rivais. Investidores começaram, assim, a reduzir posições que apostavam na alta da moeda americana, mesmo que isso signifique amargar algum prejuízo.

"Era claro que o Lula transferiria votos para o Haddad, mas talvez essa troca tenha ficado abaixo do que o mercado precificou, então investidores estão devolvendo hedge [proteção cambial], enxugando posições defensivas. Quando o investidor tem uma expectativa muito ruim, ele 'vende Brasil', isto é, vende ação, vende real e compra dólar. Quando sente algum alívio, 'recompra Brasil', ou seja, vende dólar e compra real e Bolsa", explica Alessie.

Bolsonaro não era, a princípio, o candidato preferido do mercado, posto creditado a Geraldo Alckmin (PSDB). Com o desempenho frustrante do tucano nas pesquisas, porém, investidores começaram a mirar a candidatura do capitão reformado do Exército e, mais especificamente, o economista de sua campanha, o liberal Paulo Guedes. "Para o investidor, para onde o mercado vai amanhã ou depois é menos relevante. No longo prazo, o que ele quer é um país que esteja na direção do desenvolvimento. Precisamos que a eleição defina quem será capaz de promover esse crescimento, é essa indefinição que o mercado aguarda", avalia Roberto Serwaczak, responsável pela área de equities do Citi América Latina.

Exterior

O movimento local desta sexta ganhou impulso extra com o tom positivo no exterior, mais favorável a moedas emergentes, com investidores forte apetite a risco, Bolsas americanas em máximas históricas e commodities em alta. Das 24 principais moedas emergentes, 15 se valorizaram em relação ao dólar. "Não há dúvidas de que parte relevante do movimento dos mercados aqui é devido ao cenário externo. O exterior está mais tranquilo", afirmou Serwaczak, citando recuperação de moedas como o peso argentino (+2,9%). Na próxima semana, investidores vão observar decisões de política monetária nos Estados Unidos, porque na quarta-feira (26) a expectativa é que o BC americano anuncie mais uma elevação nos juros do país. São aguardadas também novas pesquisas de intenção de voto no Brasil, entre elas a do Ibope na segunda-feira (24). (Anaïs Fernandes/ Folhapress)