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Desemprego fica em 14,3% em outubro

30 de Dezembro de 2020 às 00:01

Desemprego fica em 14,3% em outubro Isolamento social prejudica também o trabalho informal. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (31/8/2019)

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 14,3% no trimestre encerrado em outubro, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. O indicador ficou acima dos 13,8% do trimestre terminado em julho, mas abaixo dos 14,6% do terceiro trimestre. Embora a taxa esteja nas máximas históricas, foi a primeira queda após subir por nove meses seguidos. Também houve a geração de 2,273 milhões de vagas em um trimestre, apontando para retomada, ainda que insuficiente para recuperar as perdas desde o início da crise causada pela Covid-19.

Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a queda na taxa de desemprego do terceiro trimestre para o trimestre móvel terminado em outubro é uma surpresa positiva que denota mais força da atividade.

“O resultado de outubro mostrou uma força inesperada, denota uma recuperação da economia ao menos marginalmente mais célere”, afirmou Sanchez. “Mesmo assim, é uma constatação frágil: o desemprego deve continuar avançando pelo menos até que haja recomposição da força de trabalho.”

Em termos absolutos, 14,061 milhões de pessoas estavam procurando emprego no País, um aumento de 7,1% (ou 931 mil pessoas a mais) na comparação com o trimestre móvel anterior e de 13,7% frente igual período de 2019 (1,694 milhão a mais). O recorde de desempregados, de 14,105 milhões, foi no primeiro trimestre de 2017, fundo do poço da recessão de 2014 a 2016.

O mercado esperava uma taxa de desemprego maior em outubro. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast previam entre 14,5% e 15%. Um crescimento do desemprego é esperado, como afirmou Sanchez, porque grande parte dos trabalhadores que perderam seus empregos, ou seja, saíram da população ocupada, deixaram a força de trabalho. Por causa das medidas de isolamento social para conter a pandemia, muitos que perderam suas ocupações, tanto formais quanto informais, ficaram em casa e evitaram procurar novas vagas.

Pela metodologia internacional seguida pelo IBGE, só é considerada desocupada a pessoa que tomou alguma atitude para buscar um trabalho. Assim, conforme as medidas de isolamento vão sendo flexibilizadas, mais pessoas voltam a procurar trabalho.

Quem não encontra, seja numa ocupação formal seja numa informal, engrossa a fila do desemprego. No trimestre encerrado em outubro, a geração de 2,273 milhões de vagas foi sinalizada pelo aumento de 2,8% na população ocupada, na comparação com o trimestre móvel imediatamente anterior.

Segundo Cimar Azeredo, diretor adjunto de Pesquisas do IBGE, a alta de 2,8% é a maior variação na série de trimestres comparáveis da Pnad Contínua, iniciada em 2012. “O recorde é por causa da situação adversa, que é a pandemia”, afirmou. (Vinicius Neder e Cícero Cotrim - Estadão Conteúdo)