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Custo de socorro às elétricas será dividido com consumidores

20 de Maio de 2020 às 00:01

Custo de socorro às elétricas será dividido com consumidores Demanda por energia caiu. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS

Uma operação montada pelo governo federal vai permitir que o setor elétrico possa tomar novos empréstimos para enfrentar os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus. O financiamento terá como garantia a conta de luz, mas os custos serão divididos entre os consumidores e as empresas.

O socorro, cujas estimativas estão entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões, será viabilizado por meio de decreto presidencial, ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso. Ele será publicado antes mesmo da aprovação da medida provisória que permite a ajuda pelo Congresso.

O financiamento visa a cobrir custos gerados pela crise da Covid-19 no setor elétrico e evitar um reajuste médio imediato de cerca de 12% no meio da pandemia.

Desde o início da pandemia no País, medidas de isolamento social levaram a uma queda na demanda de energia de 10% a 12% nas primeiras semanas, algo que subiu para 12% a 15% nos últimos dias. Já o aumento do desemprego e a dificuldade para realizar pagamentos, com bancos trabalhando em horário reduzido, levaram a inadimplência para cerca de 12% -- antes, se situava em torno de 3,5% a 4,0%.

Somados, esses dois efeitos têm afetado o caixa das distribuidoras, que funcionam como arrecadadoras no setor elétrico -- cerca de 80% do que elas recebem é repassado para outros elos da cadeia, como transmissoras, geradoras e até mesmo para o próprio governo, por meio de impostos. Assim, dificuldades nas concessionárias de distribuição podem se tornar uma crise em toda a cadeia.

Diferentemente das operações firmadas em 2014 e 2015, desta vez, o socorro às elétricas terá os custos compartilhados entre o setor e os consumidores.

Aumentos tarifários deverão ocorrer no segundo semestre deste ano -- ainda que menores, em torno de 5%. Isso porque o governo deixou claro, no decreto, que toda a energia comprada pelas distribuidoras e não utilizada pelos consumidores será coberta pelas tarifas. (Anne Warth - Estadão Conteúdo)