SP-Arte reúne 164 galerias em sua 15ª edição

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Segundo Fernanda Feitosa, SP-Arte quer conectar artistas, obras, galeristas, museus e colecionadores. Crédito da foto: Lu Prezia / Divulgação

“Tempo”, de Jacqueline Terpins, traz um disco de gelo de dois metros de diâmetro que irá derreter ao longo dos dias da feira. Crédito da foto: Divulgação

Obras de mais de dois mil artistas representados por 164 galerias nacionais e internacionais podem ser apreciadas e adquiridas na 15ª edição do SP-Arte 2019, maior festival de artes visuais da América Latina, que abriu na quinta-feira (4) e prossegue até domingo (7) no Pavilhão da Bienal, em São Paulo.

Voltado ao mercado de arte, mas aberto ao público em geral, o evento é um misto de exposição com feira de negócios, que ocupa um total de 27 mil metros quadrados e deve atrair mais de 35 mil visitantes, sendo cinco mil ingressos distribuídos gratuitamente a alunos de escolas públicas. Além disso, a expectativa é superar o volume de negócios registrado na última edição que, segundo os organizadores, chegou perto de R$ 200 milhões.

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Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Arte, revela que 40% das obras levadas pelos expositores são compradas por colecionadores, mas pondera que a venda não é o principal foco do evento. Em entrevista coletiva organizada pela rede de shoppings Iguatemi, empresa patrocinadora do evento, concedida na última quarta-feira, na prévia para imprensa e convidados, Fernanda disse que mais do que inserir novos artistas na cena artística mundial, a SP-Arte tem papel de fomentar a cultura no Brasil. “O objetivo central é ser uma plataforma de divulgação profissional”, capaz de conectar artistas, obras, galeristas, museus, colecionadores e apreciadores de arte.

Segundo Fernanda Feitosa, SP-Arte quer conectar artistas, obras, galeristas, museus e colecionadores. Crédito da foto: Lu Prezia / Divulgação

Juntamente às galerias selecionadas pela comissão organizadora, o evento reúne “setores curados”, isto é, compostos por galerias que representam artistas convidados, como a chilena Alexia Atala. “A ideia é aproximar o Brasil da América Latina”, comentou Fernanda, referindo-se à ideia de pertencimento cultural e não geográfico. Há ainda um espaço histórico, com curadoria de Thiago Mesquita, que reúne obras produzidas entre 1950 a 1980 por Carlos Fajardo, Fernando Zarif, Rubens Gerchman e Letícia Parente.

Tempo

Neste ano, a obra que mais tem atraído os olhares dos visitantes (e, claro as câmeras dos celulares) é a instalação “Tempo”, de Jacqueline Terpins, que consiste em um disco de gelo de dois metros de diâmetro que vai derreter enquanto a mostra durar. Conhecida como designer de peças de cristal, a artista assinala que a obra efêmera, confeccionada a 20 graus celsius negativos, é o oposto de seus trabalhos com vidro, no qual o tempo de fusão é de cerca de 1.400 graus. Apoiado em um suporte de aço, o disco descongela em um único ponto, como a areia de uma ampulheta. “Esse gotejar é o próprio tempo em sua finitude”, afirma Jacqueline.

Paula Juchem também apresenta suas coloridas peças em cerâmica na feira, que segue até domingo. Crédito da foto: Divulgação

Além de expor e comercializar obras de artistas promissores e consagrados -- os valores mais expressivos não são divulgados à imprensa --, o evento atrai representantes de museus e curadores de grandes exposições internacionais. Prova disso é que pelo menos um terço dos artistas da última da Trienal de Artes -- Frestas, do Sesc Sorocaba, estão com obras à venda no evento, como os brasileiros André Komatsu, Daniel Liê, Daniel Senise, Letícia Ramos, Rafael RG e o fotógrafo alemão Michel Wesley. O pavimento térreo, aliás, é o que reúne as galerias com os nomes mais badalados e, obviamente caros, como Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Tomie Ohtake, Lygia Pape, Cildo Meireles, Beatriz Milhazes e Adriana Varejão.

Algumas pérolas, no entanto, podem ser garimpadas nos pavimentos superiores, onde estão trabalhos de novos artistas como a gaúcha Paula Juchem, que desenvolve coloridas peças em cerâmica que fazem alusão à vida marinha, como corais, peixes e moreias. “É cheio de surpresas porque [o processo de queima] da cerâmica é incontrolável”, afirma a artista.

Mobiliários confeccionados com restos de árvores, de Hugo França, também podem ser vistos na feira. Crédito da foto: Divulgação

O estande de Paula faz parte de um dos diferentes roteiros temáticos de visitas guiadas gratuitas oferecidas gratuitamente aos frequentadores do Pavilhão. Responsável pelo roteiro “Espaço ambíguo entre arte e design”, a curadora e pesquisadora Livia Debbané conduz grupos de visitantes pelo espaço e destaca os trabalhos que fazem a interseção entre o utilitário e o artístico, como a série exclusiva de vasos em mármore brasileiro assinado por Leandro Garcia e os mobiliários com restos de árvores de Hugo França. Segundo Fernanda Feitosa, a SP-Arte expandiu neste ano o número de expositores de design, setor que também incorpora processos e questionamentos do fazer artístico. “É uma tendência no exterior. A fronteira entre arte e design está cada vez mais tênue”, diz. (O Mais Cruzeiro visitou a SP-Arte a convite do Iguatemi Esplanada)

Serviço

SP-Arte 2019

Sexta (5) e sábado (6), das 13h às 21h; domingo (7), das 11h às 19h

Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera (avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, portão 3, São Paulo)

Ingressos R$ 50 (inteira); crianças de até 10 anos não pagam