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Sônia Braga segue gloriosa ao comemorar seus 70 anos

12 de Junho de 2020 às 00:01

Sônia não briga com o tempo e exibe as rugas pelo que são: a expressão de uma bela história de vida. Crédito da foto: Divulgação

Nos anos 1970, ela se converteu em mito sexual, na TV e no cinema. Um objeto de desejo. Seus três filmes mais importantes da época fizeram história no cinema brasileiro. Foram produzidos entre 1976 e 81 -- “Dona Flor e seus dois maridos”, de Bruno Barreto; “A dama do lotação”, de Neville D’Almeida; e “Eu te amo”, de Arnaldo Jabor.

A par das qualidades, foram grandes êxitos de público. Sônia Braga, a rainha das bilheterias. As fronteiras do Brasil ficaram pequenas para ela. Sônia ganhou o mundo. Filmou com Robert Redford e Clint Eastwood. Concorreu ao Golden Globe, ao Emmy e ao Bafta.

Esta semana, mais especificamente em 8 de junho, a paranaense de Maringá completou 70 anos. Nasceu em 1950. Talvez não seja mais páreo para as pin-ups do momento, mas segue gloriosa. A Sônia setentona virou a musa de Kleber Mendonça Filho em dois filmes que nunca serão suficientemente elogiados, “Aquarius” e “Bacurau”.

No primeiro, de 2016, com toda a equipe, participou daquele protesto na escadaria do palais de Cannes. Os cartazes denunciando a situação política no Brasil ganharam projeção pelo mundo. Sônia e o diretor entraram na mira das milícias. Não se intimidaram. No ano passado voltaram a Cannes e foram premiados com “Bacurau”.

Nesta semana especial, vale lembrar a trajetória dessa mulher que não briga com o tempo e exibe as rugas pelo que são -- a expressão de uma bela história de vida. Embora nascida no Paraná, criou-se em São Paulo. Aos 14 anos, começou a fazer teleteatro e programas infanto-juvenis. Em 1968 fez sua estreia no cinema, num filme que se tornou marco -- foi uma das vítimas em “O bandido da luz vermelha”, de Rogério Sganzerla. No ano seguinte, estreou na TV -- Odília em “A menina do veleiro azul”. Não parou mais -- “Irmãos coragem”, “Selva de pedra”, “Vila sésamo”, “Fogo sobre terra”.

Em 1975, foi a consagração -- “Gabriela”, na novela da Globo. O primeiro encontro com Jorge Amado. O restante é história. No cinema -- “Dona Flor”, outra heroína de Jorge Amado. Solange, “A dama do lotação”. Maria, em “Eu te amo”.

De volta à TV, foi Júlia Matos em “Dancin’ days”, de 1978, na onda das discotecas. Em 1985, o tríplice papel em “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco, lançou-a internacionalmente. Seguiram-se “Luar sobre parador”, “Rebelião em milagro”, “Rookie -- um profissional em perigo”, “Amazônia em chamas” e um grande etc.

No Brasil, e com direção de Bruno Barreto, foi de novo Gabriela, em 1983, e desta vez com o astro italiano Marcello Mastroianni como Nacib. Em 1996, sob a direção de Cacá Diegues, viveu sua terceira heroína amadiana, “Tieta do agreste”. Dez anos e vários filmes e séries depois -- “Sex and the city”, “Law and order, “CSI: Miami” --, venceu, graças à Clara de “Aquarius”, muitos prêmios de interpretação em Biarritz, Lima.

Foi a melhor atriz pela Associação de Críticos de San Diego, vencendo nomes que depois iriam para o Oscar. Em 2017 interpretou a mãe de Julia Roberts em “Extraordinário”, baseado no livro de R.J. Palacio. Em 2019, teve aquela cena com Udo Kier em Bacurau.

Sônia já disse que desistiu de ter filhos para focar na carreira Teve grandes amores, mas sempre foi discreta, são coisas de foro íntimo. Divide-se entre casas em Nova York e no Brasil. Tantos filmes em língua inglesa lhe garantiram o Green Card. Lá e cá. (Luiz Carlos Merten -- Estadão Conteúdo)