Secretário considera inviável investimento para Virada Cultural

Por

No ano passado, os shows da Virada Cultural Paulista, na cidade, se concentraram no Parque das Águas. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (24/11/2018)

Em alguns anos o projeto atraiu grande público, como no show da cantora Pitty, em 2015, no Jardim Ipiranga. Crédito da foto: Erick Pinheiro / Arquivo JCS (24/5/2015)

A Prefeitura de Sorocaba não descarta a possibilidade da cidade ficar de fora do circuito da Virada Cultural Paulista 2019, que acontecerá em novembro. Neste ano, o projeto do governo estadual ganhou novo formato que, na avaliação do secretário municipal de Cultura, Gilberg Antunes, “é inviável”.

A Virada Cultural foi criada em 2007 com a proposta de ser um grande festival gratuito com atividades artísticas simultâneas e ininterruptas ao longo de 24 horas, em diversas regiões do Estado. No entanto, nos últimos anos, como consequência da queda de investimentos, o evento vem recebido volume menor de atrações e queda de público. Em 2013, na gestão do prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), Sorocaba já desistiu de sediar a Virada Cultural, em virtude do alto custo de montagem de estrutura externa para a apresentação dos artistas.

De acordo com o regulamento da chamada pública da Virada Cultural, municípios com mais de 150 mil habitantes, como é o caso de Sorocaba, poderão receber até R$ 1 milhão. A Prefeitura poderá ser apoiada pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA) com seleção, contratação e pagamento de cachê dos artistas que irão compor a programação.

Como contrapartida, caberá ao município investir o correspondente a R$ 0,50 em serviços para cada R$ 1 investido pela APAA, disponibilizar espaços adequados, infraestrutura e demais serviços necessários; fazer a divulgação das ações e mobilizar público local e regional; obter a documentação necessária, como alvarás, autorizações e liberações junto aos órgãos competentes para a realização das atividades, além de se responsabilizar por eventuais taxas cobradas pelo uso do espaço.

Por meio de nota, a Secult confirmou que a Prefeitura de Sorocaba formalizará a inscrição no programa, mas a viabilidade de realização depende de análise da prefeita Jaqueline Coutinho (PDT) e do Gabinete Municipal de Gestão de Crise, criado para avaliar as propostas de execução orçamentária de todos os organismos da administração direta e indireta para orientar procedimentos, visando a melhorar a qualidade dos gastos e dos investimentos e adoção de medidas de enfrentamento da crise econômica pela qual passa o município. “Na impossibilidade [de viabilidade de realização] pelo município, buscaremos alternativas com a iniciativa privada que possuam interesse na realização da Virada Cultural em Sorocaba”, complementa a nota.

Ao Mais Cruzeiro, por telefone, Gilberg Antunes classificou o modelo proposto pelo governo estadual como “inviável” para o município, já que, além de todas as responsabilidades legais e operacionais mencionadas, consumiria pelo menos R$ 250 mil reais em montagem de estrutura. “Acho muito importante a Virada Cultural, mas esse valor é inviável num momento de controle de despesa. Se eu tiver de gastar R$ 250 mil eu prefiro que seja investido em [atividades de] formação [cultural] do que queimar tudo em 24 horas”, argumentou, reiterando que, caso o projeto seja aprovado, vai tentar sensibilizar empresários para parcerias junto à iniciativa privada.

Novo modelo

No ano passado, os shows da Virada Cultural Paulista, na cidade, se concentraram no Parque das Águas. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (24/11/2018)

O novo modelo da Virada Cultural Paulista foi detalhado na última terça-feira, dia 10, pelo secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado, Sérgio Sá Leitão, e o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. O representantes do governador João Doria anunciaram a realização do programa “Juntos pela Cultura”, que aglutina a Virada Cultural a outras quatro iniciativas que, por meio de chamadas públicas, prevêem repasse aos municípios de verba que soma R$ 12,5 milhões. Além da Virada, o programa reúne o Circuito SP, Tradição SP, Revelando SP e +Gestão.

O governo estadual afirma que o novo programa tem como objetivo ampliar o acesso à arte e à cultura em todas as regiões do estado, que conta com 645 municípios. No entanto, de acordo com o regulamento, apenas quatro municípios paulistas, de diferentes macrorregiões, poderão ser contemplados com a Virada Cultural. O prazo de inscrições dos municípios termina no dia 30 de setembro. (Felipe Shikama)