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Restauro da estação ferroviária de Sorocaba continua indefinido

11 de Agosto de 2019 às 00:02

Restauro da estação ferroviária continua indefinido Há dois meses, a fachada do prédio da centenária estação recebeu pequena intervenção “de pintura preventiva”. Crédito da foto: Emidio Marques

O chamamento público realizado pela Secretaria de Cultura (Secult) para a restauração da antiga estação ferroviária foi encerrado no último dia 30. Até a data final, o governo municipal não recebeu nenhuma proposta de empresas interessadas.

O restauro do imóvel, tombado em nível municipal e estadual, seria feito sem custo para o município. O objetivo era fazer a obra com patrocínios e recursos captados através das leis de incentivo à cultura.

Por meio de nota, a administração municipal afirma que o edital foi elaborado em conjunto com a Secretaria de Planejamento e Projetos (Seplan). Por meio da divulgação, acreditava que podia haver interessados em executar o objeto.

Com o desfecho frustrado, a Secult informa que encaminhou o processo com o edital à Secretaria de Planejamento (Seplan). A ideia é verificar conjuntamente se o mesmo será republicado, ou se há a possibilidade do restauro ocorrer de outra forma, como por captação de recursos, entre outros meios.

Restauro da estação ferroviária continua indefinido Conjunto arquitetônico representa o auge da Sorocabana. Crédito da foto: Emidio Marques

A Secult admite que, para este ano, não dispõe de qualquer dotação orçamentária para restauro da antiga estação ferroviária e de nenhum outro prédio histórico. A pasta acrescenta que até o momento não há definição de eventual reserva de recursos financeiros para essa finalidade na elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020.

Intervenção

Há dois meses, a fachada da antiga estação recebeu pequena intervenção. A obra foi “de pintura preventiva”, coordenada pela Secretaria de Conservação, Serviços Públicos e Obras (Serpo).

A atividade foi executada por uma empresa de manutenção preventiva e corretiva terceirizada, contratada por meio de licitação. A última grande reforma ocorreu em 1990. No final de 2012 foram feitos pequenos reparos de instalações internas, como o piso de madeira e o telhado.

Restauro da estação ferroviária continua indefinido Patrimônio histórico e cultural da cidade está deteriorado. Crédito da foto: Emidio Marques

Deterioração

Inaugurado em julho de 1875, o edifício situado na avenida Afonso Vergueiro, na altura do número 310, ainda preserva parte da estrutura original. Atualmente, sofre com a falta de conservação e está deteriorado.

Parte do acabamento interno em argamassa decorada já ruiu. A estação é considerada um dos principais exemplares do que restou do patrimônio arquitetônico de Sorocaba e da “era das ferrovias” no Estado de São Paulo.

Sua construção é considerada o marco inicial da ferrovia projetada para ligar o município à capital da então Província de São Paulo. Vale lembrar que, do nome da cidade, originou-se o da estrada de ferro, a Sorocabana.

Os trilhos se estendiam até a Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo. O edifício foi o primeiro de tijolos do município. Até então, os demais prédios que existiram na cidade eram todos feitos de terra solada ou taipa de pilão.

O imóvel foi projetado pelo engenheiro alemão Clemente Novelleto Spetzler. A construção coube ao sorocabano Teotônio José de Araújo e a Francisco das Chagas do Amaral Fontoura.

Restauro da estação ferroviária continua indefinido A estação ferroviária foi o primeiro prédio de tijolos do município. Crédito da foto: Emidio Marques

Construção do prédio

A construção foi liderada pelo empresário Luiz Matheus Maylasky. Cinco anos antes, junto com um grupo de empresários sorocabanos, ele foi convidado a integrar a Companhia Ituana que pretendia estender os trilhos da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí até Itu.

Os ituanos, no entanto, desistiram da proposta. Maylasky declarou que construiria sua própria estrada de ferro interligando Sorocaba a São Paulo, a Companhia Sorocabana.

Restauro da estação ferroviária continua indefinido Inaugurado em julho de 1875, edifício ainda preserva parte da estrutura original. Crédito da foto: Emidio Marques

De acordo com o inventário dos edifícios de Sorocaba tombados pelo Patrimônio Histórico, elaborado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) - Regional Sorocaba, no início do século 20 a Sorocabana foi arrendada ao empresário Percival Farquhar. Após concordata, perdeu seu controle para o Estado, passando a se chamar Estrada de Ferro Sorocabana (EFS).

Sob a presidência de Júlio Prestes, viveu seus anos dourados, experimentando nova expansão. Os edifícios, por sua vez, passaram por grandes transformações. Em 1971, o governo aglutinou todas as empresas ferroviárias numa única, a Fepasa, que em 1998 foi transferida para a União e, posteriormente, privatizada. (Felipe Shikama)

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