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Quimera Dança estreia o espetáculo 'Trespassados'

07 de Março de 2019 às 05:13

Quimera Dança estreia ‘Trespassados’ A companhia é formada por Mimi Naoi, Isadora Araújo e Anderson Nascimento. Crédito da foto: Aline Oliveira / Divulgação

Gestos imprevisíveis que rompem os movimentos padronizados e pré-determinados, como os de peças de xadrez, são a marca do grupo sorocabano Quimera Dança, no espetáculo “Trespassados” que estreia nesta quinta-feira (7) no Barracão Cultural. Primeira montagem da companhia, “Trespassados” foi contemplado em 2018 no edital de “Apoio a projetos de jovens artistas para produção de primeiras obras de espetáculo e temporada de dança” do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC).

Com aproximadamente 40 minutos de duração, a peça tem três bailarinos em cena e é uma livre adaptação do livro “Através do espelho e o que Alice encontrou lá” (1871), do escritor britânico Lewis Carroll, continuação de “Alice no País das Maravilhas” (1865).

De acordo com a dançarina Mimi Naoi, que também assina direção geral e coreográfica, a obra literária serviu de inspiração para um jogo teatral e do improviso cênico, no qual 11 células coreográficas foram montadas coletivamente pelos bailarinos, sob direção artística do poeta Davi Araújo. “É uma adaptação bem abstrata. Não é o roteiro narrativo, mas é possível identificar os arquétipos das personagens”, afirma.

Ela detalha que a criação também teve como mote o conceito de docilização dos corpos, desenvolvido pelo filosofo francês Michel Foucault. A coreógrafa explica que o espetáculo propõe um jogo lúdico, no qual o palco ora é espelho ou tela de projeções virtuais, e ora tabuleiro de um jogo de xadrez existencial. “No xadrez, os movimentos executados são sempre padronizados; o cavalo, por exemplo, sempre faz apenas o movimento sempre em ‘L’. No entanto, nós somos corpos livres, que dançam, e estamos em constante conflito sobre aquilo que a gente deve e tem a liberdade de fazer. Desse conflito a gente lança questões sobre esses corpos dóceis, padronizados, que seguem ou não as regras”, afirma.

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O processo criativo deste primeiro espetáculo da companhia sorocabana também foi fortemente influenciado pela pesquisa do coreógrafo norte-americano William Forsythe, que é baseado na geometria, no desenho espacial e nas intenções cênicas das personagens.

Fruto de oficina

Além de Mimi, a companhia é formada pelos intérpretes-criadores Isadora Araújo e Anderson Nascimento. O grupo Quimera foi fundado no ano passado, fruto de uma oficina de dança contemporânea ministrada por Mimi. “O que pesou, além da técnica de execução, foi o comprometimento e o engajamento”, diz. Além de “Trespassados”, que foi contemplado com R$ 40 mil pelo ProAC, o grupo está em fase de pré-produção do espetáculo “Frankenstein: os monstros dos outros e os nossos”, aprovado no edital de 2018 da Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba (Linc).

“Trespassados” possui trilha sonora original de Natalie Mess. Parte das composições, a maioria atonais e ruidosas, foram produzidas a partir da observação de algumas coreografias do grupo. “Geralmente o processo é inverso”, acrescenta Mimi Naoi. A ficha técnica conta ainda com desenho de luz de Julio César Greghi, figurinos de Luan Fernandes, artes gráficas de Eliete Della Violla, e produção e operação técnica de Luciano Leite.

A temporada permanece em cartaz neste mês no Barracão Cultural, nos dias 9, 10, 15, 16 e 17, sempre às 20h às sextas e sábados e às 18h, aos domingos. No dia 24 de março, às 20h, o espetáculo será apresentado em Votorantim, na sede Coletivo Cê (avenida Newton Vieira Soares, 325, Centro). O encerramento da temporada ocorre em Itu, no dia 31 de março, no CEU Jardim Vitória (rua Treze de Outubro).

Serviço

“Trespassados”, com Quimera Dança

Estreia nesta quinta-feira (7), às 20h

Barracão Cultural (avenida Dr. Afonso Vergueiro, s/n, ao lado da antiga Estação Ferroviária, no Centro)

Entrada gratuita (os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência)

Classificação livre