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‘Queda pra cima’ é disco de estreia de Marcus Alves

25 de Novembro de 2020 às 00:01

‘Queda pra cima’ é disco de estreia de Marcus Alves “Queda pra cima” tem 10 faixas compostas pelo artista e será lançado pelo Lastro Musical. Crédito da foto: Kayan Viana / Divulgação

Após mais de dez anos atuando no backstage da cena da música independente de Sorocaba, colecionando parceiros de artes e ideias e produzindo eventos que abriram portas para novas bandas, o cantor, compositor e instrumentista sorocabano Marcus Alves se sente maduro e acolhido para lançar seu primeiro álbum solo. O disco “Queda pra cima” será disponibilizado amanhã, nas principais plataformas de música digital, pelo selo Lastro Musical.

Baixista por formação, com passagem por várias bandas, e membro atuante do movimento underground da cidade, Marcus Alves participou da linha de frente de eventos como o Visceral Sessions e o Condado Records, mas entre 2017 a 2019 se afastou da cena para, nas palavras dele, “fazer outros corres” para ganhar a vida. Neste hiato, trabalhou como marceneiro, repositor em supermercado, pedreiro e ajudante de mudança. Enquanto seguia ganhando a vida, diariamente, com dignidade do suor do seu trabalho, era constantemente provocado por amigos que conheciam o seu potencial e lamentavam a subutilização de seu talento. “Sempre me perguntavam, 'e aí, quando você vai voltar?'”, recorda.

Muito mais empurrado pelo incentivo dos seus parceiros do que arrastado pela sua própria ambição, Marcus Alves cedeu e decidiu gravar, sem pretensão, algumas das canções que havia composto logo após ter ganhado um violão de um amigo. Com produção de Matheus Zanetti, lançou em meados de 2019 o EP “Cores e corres”, que obteve boa repercussão da imprensa especializada. A primeira das quatro faixas, intitulada “Invencível”, teve mais de 60 mil execuções uma plataformas de streaming.

A partir desse feedback, Alves seguiu os conselhos dos amigos de voltar todas as atenções à sua música. Um amigo em comum o apresentou ao baterista e produtor musical Ítalo Riber, criador do selo Lastro Musical, considerado um “Midas” local, que tem no currículo trabalhos relevantes com nomes como Paula Cavalciuk, Alienpovo e Wry. “Ele lapidou meu trabalho. Me deu várias dicas, botou fé no meu trabalho”, comenta Alves.

Vivências e experiências

Com dez faixas, “Queda pra cima” traz letras que falam de vivências e experiências, como a se lançar ao novo, “como o que está acontecendo agora, na minha vida”, diz, dos desafios pela sobrevivência e dos “corres para ganhar a vida”, como do período em que precisou renunciar a paixão pela música para levar pão à mesa da casa da mãe; dos sonhos e arrependimentos do pai, um exímio tocador de cuíca; de racismo e da própria depressão enfrentada de maneira recorrente. Aliás, “Queda pra cima” faz alusão à forma como o artista encara a doença. “Queda pra cima é uma forma de aceitar essa condição e saber lidar com isso. É dar o melhor na pior fase”, afirma.

Toda essa narrativa é embalada pela mistura de ritmos brasileiros, com influências da música eletrônica que, nas palavras do artista, estabelecem uma ponte entre o contemporâneo e o ancestral. “Essa ponte é a base de tudo. É o que nos define quem somos”, assinala. O primeiro álbum solo de Marcus Alves é, paradoxalmente, coletivo. Além do bandleader, que ainda empunha o contrabaixo elétrico, sua banda é formada por Matheus Zanetti (MPD e programações), João Maresia (guitarra) e Augusto Martins (teclado). O disco tem participações especiais de Ananda Jacques, Bruno Cons, Kodux e Renan Brenga. “Tentei botar a galera que sempre ajudou a construir a cena, não só pra eles, mas para o outros”, diz, confirmando que seu disco de estreia ecoa as vibrações dos muitos que o rodeiam e se configura em uma espécie de seleta mostra da movimentada cena da música independente em Sorocaba. (Felipe Shikama)