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Prefeitura exige doação de obras para participação em Feira de Artes

17 de Março de 2019 às 06:30

Prefeitura exige doação de obras para participação em Feira de Artes A feira acontece aos domingos no Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim. Crédito da foto: Secom Sorocaba

Um total de 45 artistas se inscreveram para participar de exposições da Feira de Artes Plásticas, da Secretaria de Cultura (Secult), que ocorre aos domingos no Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim. O edital de chamamento foi aberto pela pasta em fevereiro e oferecia 50 vagas para as categorias telas, mosaicos, cerâmicas e esculturas. A primeira edição deste ano da feira ocorrerá no dia 7 de abril, mas segundo a secretaria não necessariamente todos os inscritos estão aptos a participar. De acordo com a Prefeitura, servidores estão analisando os portfólios e os documentos enviados pelos artistas. Estes, inclusive, criticam a exigência, feita pela administração municipal, de doação de uma obra para que possam participar dos eventos.

Na avaliação do titular da Secult, Werinton Kermes, a inscrição de 45 artistas é “um número expressivo, que mostra que a Feira de Artes Plásticas tem agradado os profissionais que já participam, dando visibilidade ao trabalho de cada um e retorno financeiro”. Os artistas, entretanto, criticaram a exigência da doação da obra que, de acordo com o edital, deve ter como tema os Tropeiros. Em fóruns nas redes sociais, dezenas de artistas reclamaram da desvalorização dos profissionais e da atitude supostamente exploratória para uso do espaço público. Essas obras, segundo a administração municipal, serão incorporadas ao acervo histórico da administração municipal e expostas em ocasiões especiais, conforme planejamento feito pela equipe da Secretaria da Cultura.

Por meio de nota, Kermes disse que a pasta respeita a opinião dos artistas e que os editais de chamamento são abertos para exatamente para reunir pessoas interessadas em participar de projetos e ações da pasta. “Essa sugestão da doação de obras dos artistas, inclusive, partiu de um grupo de artistas que colaborou na construção do edital da feira, o que coube a Secretaria da Cultura foi dar a sugestão do tema”. Ele acrescentou que, para a Secult, obras artísticas com a temática tropeira são importantes para a história e a cultura local “e tanto o município quanto os artistas vão ganhar com isso”. O secretário alega que a doação de obras é uma prática comum em todo o Brasil e, neste caso, é uma contrapartida para os artistas participarem da feira, num espaço cedido e autorizado pelo poder público para que eles explorem e vendam suas obras de arte. “Ou seja, existe uma secretaria municipal que valoriza os artistas da cidade e é responsável por organizar uma feira que não existia em Sorocaba até então e quer ter esses trabalhos fazendo parte do acervo histórico do município, que serão preservados e poderão ser vistos por diversas gerações de sorocabanos, conservando a memória da sociedade local”, diz.

Segundo a Secult, será doada uma obra por mês e a escolha do artista será realizada por meio de sorteio e não haverá penalidade àquele que participar não fizer a doação. Werinton Kermes admitiu que a pasta não dispõe de recursos suficientes para remunerar artistas na aquisição de obras para seu acervo permanente e acrescentou que o tradicional Prêmio Professor Flávio Gagliardi de Artes Visuais, instituído por lei, passará por reformulação neste ano. Uma consulta pública foi aberta ontem para que a população dê sugestões para alteração da lei. As opiniões devem ser enviadas até o dia 3 de abril exclusivamente pelo e-mail [email protected]. (Felipe Shikama)