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Prefeitura cancela prêmio de artes visuais

11 de Novembro de 2018 às 00:01

Prefeitura cancela prêmio de artes visuais Prêmio Flávio Gagliardi de Artes Visuais foi instituído em Sorocaba há 20 anos. Crédito da foto: Alexandre Lombardi / Secom Sorocaba

Cidade natal de pintores renomados como Marina Caram, Pedro Lopes e Célia Marcassa, e que acolheu artistas como o italiano Bruno de Giusti e o suíço Ettore Marangoni, Sorocaba não realizará o Prêmio Flávio Gagliardi de Artes Visuais em 2018. Instituído há exatos 20 anos e aperfeiçoado em 2014 por meio de lei municipal 10.989 o prêmio, que visa reconhecer e valorizar os artistas visuais, bem como fomentar a produção artística local teve a edição deste ano cancelada pela Secretaria de Cultura e Turismo (Secultur).

A Prefeitura alega que, assim como Prêmio Anual Sorocaba de Literatura, também cancelado neste ano, a premiação de artes visuais “passará por uma reformulação, visando ampliar a participação dos artistas da cidade”. Por meio de nota, a Secultur diz que “vai levar essa pauta [de reformulação] para o Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC)”. A ideia, ainda segundo a pasta, será de promover uma “construção participativa, com a realização de chamada pública, além de encontros com artistas e demais interessados para receber sugestões”.

De acordo com a lei municipal em vigor, o prêmio anual consiste na entrega aos vencedores, em solenidade pública, da quantia de R$ 5 mil, em favor e reconhecimento de cada um dos cinco melhores trabalhos selecionados nas áreas e suportes como fotografia, pintura, gravura, desenho, vídeo arte, performance, instalação, objeto e escultura.

Frustração

Prefeitura cancela prêmio de artes visuais A iniciativa, sustentada por legislação municipal, visa incentivar os artistas da cidade. Crédito da foto: Assis Cavalcanti / Secom Sorocaba

Assim como o Prêmio de Literatura, que teve seu cancelamento noticiado pelo Mais Cruzeiro em 14 de outubro, a suspensão do prêmio Flávio Gagliardi frustrou as expectativas dos artistas sorocabanos, que reconhecem a iniciativa como um importante instrumento de estímulo e reconhecimento da produção das artes visuais. “É um retrocesso. Um pensamento que não faz sentido. Além de ajudar a registrar a história da arte contemporânea em Sorocaba, o prêmio é de extrema importância, não só como reconhecimento, mas como um combustível para que a coisa caminhe”, aponta o curador Allan Yzumizawa, responsável pela exposição “As coisas não aparentam ser o que são”, que reúne trabalhos de 13 artistas, que foi aberta ontem no Chalé Francês.

Além de registrar a história local das artes visuais, o prêmio mantém viva a memória do artista plástico, músico, professor e produtor cultural Flávio Gagliardi, falecido em 7 de junho de 1984, aos 64 anos. Além de ter se destacado como artista plástico, expondo em galerias do Brasil e do exterior, Gagliardi ficou conhecido no cenário cultural por ensinar pintura na sua famosa casa-ateliê, na região central, que sempre estava de portas abertas aos artistas. “Eu vejo o cancelamento do prêmio com tristeza e muito pesar. Era um prêmio que ativava a memória dele e das artes de Sorocaba”, comenta Ivete Moron Gagliardi. Casada com Alberto Gagliardi, sobrinho criado pelo artista, a professora aposentada vem se dedicando nos últimos anos a reorganizar e restaurar as obras deixadas por Flávio.

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