OSS ‘esconde’ histórias de perseverança e de vitórias

Fundec tem proporcionado ao longo dos anos a transformação de alunos em músicos profissionais

Por Thaís Verderamis

Abner Aragão: primeiro aluno a se formar, hoje é músico e instrutor

A curiosidade por algum instrumento, o interesse, os primeiros contatos na igreja, na fanfarra da escola, ou até mesmo assistindo um ensaio de uma Orquestra Sinfônica em um hall, no centro da cidade. Cada um dos 56 integrantes da Orquestra Sinfônica de Sorocaba (OSS) começou com um incentivo, algo que marcou e os levou até os palcos.

Assim aconteceu com Rogério da Costa Alves, de 32 anos, timpanista e percussionista da Orquestra Sinfônica de Sorocaba e professor de percussão no Instituto Municipal de Música de Sorocaba (IMMS). “Eu comecei na fanfarra da escola e estudei um ano no Projeto Guri, nas aulas coletivas. Estava saindo de uma aula do Guri, passando pelo centro e vi a orquestra da Fundec ensaiando no hall. Eu fiquei assistindo o ensaio, conversei com o professor de percussão e perguntei se ele dava aulas lá, ele me explicou e deu algumas dicas”, conta.

O percussionista guardou as dicas, passou na seleção e em 2012 se formou. No ano seguinte foi para a Unesp, cursar bacharelado em percussão, se formando em 2016. Oficialmente, Alves se tornou um membro oficial da OSS em 2023, mas já fazia parte como músico convidado, sempre que chamado.

A Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba foi base para muitos músicos e para os excelentes profissionais que hoje compõem a OSS. Deivid Ortolano, de 40 anos, começou sua trajetória na Fundec, estudando musicalização, com aproximadamente 12 anos, depois passou a cursar violoncelo e, após um ano e meio, migrou para o violino, que era o curso de interesse desde o início.

“Comecei na Fundec, me inscrevi no Conservatório de Tatuí, fiz a prova, passei e me formei lá. Depois fui para São Paulo, me formei como bacharel em música, com ênfase em violino e recentemente fiz uma pós graduação em educação musical. Participei de inúmeros festivais de música junto com o Quarteto Sorocaba, do qual faço parte”, explica Ortolano.

Com o passar dos anos, uma necessidade se apresentou e um novo interesse musical apareceu no caminho de Deivid. “Minha formação é como violinista, porém, desde 2015, por uma necessidade do Quarteto Sorocaba, eu acabei migrando para a viola clássica”, compartilha. Atualmente, Ortolano é chefe de naipe da OSS, como violista e professor de violino e viola na Fundec.

A instituição também marcou a vida e a carreira do violinista Abner Antunes Aragão, de 37 anos. O primeiro contato do músico foi na igreja, aos 6 anos de idade. Pouco depois, apareceu a oportunidade de fazer o curso de musicalização infantil na Fundec.

“Eu fui parte da primeira turma de musicalização infantil da Fundec, entrei como suplente e quando

estava terminando o curso, surgiu a oportunidade de começar o instrumento e fui selecionado para começar o curso de violino. Com 13 anos eu comecei, e em 2008 me tornei o primeiro aluno da história da instituição a se formar, a terminar o curso de música. Em 2005 entrei como músico da Orquestra Sinfônica de Sorocaba. Eu era aluno ainda, e recebi a oportunidade de trabalhar como uma espécie de estagiário”, explica Aragão.

Em 2009, se tornou instrutor de violino, e neste ano, Aragão completa 25 anos de história na instituição, como aluno, dando os primeiros passos na música, como estagiário, profissional, e agora como instrutor,  com a oportunidade de “devolver” todo o conhecimento adquirido ao longo dos anos para os novos alunos.

A orquestra como grupo

Na orquestra, todos os músicos trabalham em harmonia, sob a regência do maestro. “O nosso repertório é construído antes de começar o ensaios, com muita dedicação, muita pesquisa, escutando gravações, estudando a parte prática, horas de treino para conseguir chegar no primeiro dia de ensaio com os dedos afiados para só juntar. Vamos pensar na orquestra como um quebra-cabeça, para só juntar e o maestro colocar a sua visão musical em cima de cada peça, de cada obra”, reforça Ortolano.

Por fim, a orquestra funciona como grupo unido. “Eu gosto muito de usar uma palavra chamada ‘generosidade’, você sair da sua zona de conforto para entrar em um trabalho de forma concentrada, dedicado a fazer a música acontecer. Quando você toca em um orquestra, precisa ter a consciência de que aquilo vai muito além do que sentar e ler as notas na partitura”, compartilha Aragão.