‘Terra terreno território’ chega a Sorocaba
A exposição “Terra terreno território”, que reúne obras de temática indígena da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini, chega ao Centro Cultural Sesi Sorocaba, com entrada gratuita. O evento de abertura acontece no dia 1º de agosto, com bate-papo aberto ao público com a artista e o curador Wagner Souza e Silva. Já a temporada ocorre no período de 2 de agosto a 30 de novembro.
A mostra é composta por nove obras táteis e 20 obras com audiodescrição, além de vídeo de 19 minutos com depoimentos de diversos indígenas e da artista, com legenda e tradução em Libras. A exposição conta com recursos de audioguia e piso tátil.
Nesta produção, Sandrini apresenta dois agrupamentos fotográficos, utilizando duas técnicas artesanais de impressão fotográfica do século 19. No primeiro, é utilizado um processo chamado antotipia, que utiliza pigmentos vegetais como material fotossensível. A impressão, por sua vez, é feita em papéis sensibilizados com pigmento extraído do fruto jenipapo, que muitos indígenas usam nas pinturas corporais.
Já no segundo grupo, as imagens são retratadas pela técnica de fitotipia, que utiliza a própria clorofila como agente para produzir a imagem. Neste caso, as fotos são impressas diretamente em folhas de plantas, como taioba, singonio, mandioqueira, helicônia e guiné. Ambos processos se dão por meio da ação da luz solar, em um período que varia de três dias a seis semanas de exposição.
Todas as imagens de “Terra terreno território” foram captadas durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da cidade de São Paulo, onde predomina a etnia Guarani, e também no contexto da metrópole, onde vivem indígenas de aproximadamente 53 etnias. O objetivo da artista é promover reflexão sobre o indígena em grandes cidades, no século 21.
“A longa exposição convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas e que se transformam com o tempo, uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete Sandrini.
A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo. De acordo com a artista, dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, pode levá-la ao apagamento. A ação é uma analogia ao apagamento histórico que a cultura indígena sofre no Brasil.
“A proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, reflete Sandrini.
O Centro Cultural Sesi Sorocaba está localizado na rua Gustavo Teixeira, na Vila Independência. A exposição estará disponível para visitação de quarta-feira a domingo, das 10h às 19h. (Da Redação)