Museu das Monções foi entregue mas aguarda reabertura à população

Fechado há mais de 15 anos, espaço cultural vinha sendo reformado desde 2012, depois de intervenção do Condephaat

Por Beatriz Falcão

Prédio foi construído em 1850 e após reformas, obras foram entregues em maio último

Embora restaurado, o Museu Histórico e Pedagógico das Monções, em Porto Feliz, segue fechado para visitantes. O prédio, considerado uma das principais referências culturais da cidade, está fechado há mais de 15 anos. Com a finalização das obras,que começaram em 2012, o espaço foi entregue no dia 20 de maio deste ano. Agora, os munícipes esperam ansiosos pela reabertura do local.

O aposentado Luiz Fernandes Correia, de 71 anos, guarda muitas memórias do prédio histórico. Ao Cruzeiro do Sul, ele contou que costuma sentar no banco da praça, localizada em frente ao museu, e ficar admirando a estrutura. Em 1961, o porto-felicense chegou a estudar no local.

“A lembrança mais forte que tenho é de quando eu fiquei de castigo. Na época de escola, eu era muito briguento, gostava de aprontar, e um certo dia uma professora me deixou de detenção. Naquela época, costumava estudar das 7h às 11h15. Porém, no dia do castigo, fiquei até às 14h”, recorda o aposentado com um sorriso. “Lembro que cheguei em casa com fome, pois tinha perdido o almoço.”

Outros moradores da região, que já visitaram o Museu Histórico e Pedagógico das Monções, enxergam um pedaço da história do município ali construído. Esse é o caso da cabeleireira Cida Amaral, de 58 anos, que costumava visitar o espaço antes de ser fechado.

“O fato de ser um museu fala por si só a sua importância para a cidade. O espaço guarda muito conhecimento e informações sobre Porto Feliz”, aponta a profissional de beleza. “Eu gostava muito de vir aqui, tinha muitos livros. Agora, espero um dia poder visitar novamente quando reabrir.”

Reforma

O prédio do Museu Histórico e Pedagógico das Monções foi interditado em 2010, pois corria risco de desmoronamento. As obras, no entanto, só tiveram início em 2012, após a intervenção do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). A instituição intermediou o contato entre a Prefeitura de Porto Feliz e a Secretaria Estadual da Cultura, já que o imóvel pertence ao governo do Estado.

Conforme noticiado na época pelo Cruzeiro do Sul, além de um fortalecimento das paredes frontais, também seriam realizadas manutenção no telhado e reforma da calha. Entretanto, ao longo das obras, algumas interrupções aconteceram, atrasando a conclusão.

O Cruzeiro do Sul questionou a Prefeitura a respeito do prazo de reabertura do espaço histórico, bem como detalhes e informações da reforma. Contudo, até o fechamento desta edição, não houve resposta às perguntas apresentadas. O espaço segue aberto para manifestações.

História

O prédio do Museu das Monções foi construído por volta de 1850, em taipa de pilão, com a utilização de madeira, barro e pau-a-pique. O imóvel representa casas de famílias ricas do século 19 e tornou-se “Casa Real” ao abrigar o Imperador Dom Pedro II. O local hospedou ainda o Barão de Caxias.

Em 1908, o casarão foi adquirido pelo Estado e passou a ser utilizado como grupo escolar, até meados da década de 1960. O espaço apenas se tornou sede do Museu Histórico e Pedagógico das Monções em 1965, sendo tomado pelo Condephaat em 1982.

O acervo do museu é formado por documentos, mapas e livros, especialmente tratando as monções e a história do município, um ponto de saída de expedições fluviais.

Monções

Porto Feliz é considerada a capital das monções, expedições fluviais ocorridas entre 1.720 e 1.850, com intuito comercial, principalmente na busca do ouro, em direção ao Centro-Oeste do Brasil, especialmente nos atuais estados de Mato Grosso e Goiás. As monções também foram fundamentais para o desbravamento do interior do País e o alargamento das fronteiras brasileiras.

Tais expedições fluviais foram denominadas monções pois elas ocorriam entre o final de março e início de junho, quando o nível das águas era maior. Elas duravam em torno de cinco meses, durante os quais eram percorridos mais de 3.500 km.