Macs abre hoje exposição ‘Centenário Marina Caram’
Mostra reúne recortes fundamentais da trajetória da artista, para reposicionar seu legado no contexto da arte brasileira
O Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs) abre hoje, às 10h, as comemorações do centenário da sorocabana Marina Caram, com a inauguração da mostra retrospectiva da artista, sob curadoria de Tereza Cristina Ferreira Batista.
A exposição marca o início das comemorações oficiais pelos cem anos de nascimento da artista, reunindo recortes fundamentais de sua trajetória, para reposicionar seu legado no contexto da arte brasileira do século 20.
Pintora, escultora, desenhista e gravadora, Marina Caram (1925-2008) foi um dos nomes de destaque do expressionismo no País, com passagem por instituições como o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e participação em seis edições da Bienal de São Paulo.
A exposição percorre mais de cinco décadas de produção, apresentando fases e séries que revelam a amplitude formal e temática da artista: Fase Inicial (1940-951), Paris (1952-1953), Os Humilhados (1954), Salvador (1955-956), Bolívia (1957), Orixás (1959-1960), Desenhos Casa do Artista Plástico (1963), O Homem e as Profissões (1967), O Homem e a Máquina (1969), Barroco Brasileiro (década de 1970), Carnaval (1970-1980), O Circo (1983) e Pinturas Independentes (1990).
O conjunto oferece ao público um mergulho na construção de uma artista que tensionou, ao longo da vida, o lugar da arte na experiência humana.
Início e trajetória
Nascida em Sorocaba, Marina começou ainda adolescente sua produção artística, pintando caixas de bombons e aventais. Aos 14 anos, mudou-se para São Paulo, onde consolidaria sua formação e trajetória. Em 1951, foi apresentada a Oswald de Andrade, que - impressionado com a força crítica de sua obra -, a indicou a Pietro
Maria Bardi. No mesmo ano, Caram realizou sua primeira exposição individual no Masp, que lhe rendeu uma bolsa de estudos do governo francês para a Escola Superior de Belas Artes de Paris.
Após dois anos na França, retornou ao Brasil e apresentou as obras produzidas no período em nova mostra no Masp. Sua atuação se estendeu por diversos países da América do Sul, como Argentina, Bolívia e Uruguai e da Europa, incluindo Inglaterra, Suíça, Bélgica, Alemanha e a então Iugoslávia.
Seu trabalho articula crítica social, espiritualidade, memória e imaginação, em imagens marcadas por expressividade e intensidade. “Eu pinto a essência. Recrio a realidade da maneira como ela bate em mim”, declarou a artista em 2005. O reconhecimento institucional veio por meio de prêmios como o da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 1985, categoria de Retrospectiva: 40 Anos de Pintura (1945 a 1985).
Reparação simbólica
Ao trazer à luz sua obra neste momento, o Macs reafirma o compromisso de revisitar trajetórias de artistas mulheres fundamentais para a história da arte brasileira. Mais do que uma celebração, o centenário de Marina Caram representa uma reparação simbólica, uma oportunidade de inscrever sua produção no debate contemporâneo.
O Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba está localizado na avenida Dr. Afonso Vergueiro, 280, Centro, ao lado da antiga Estação Ferroviária. Visitação de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, sábados, domingos e feriados das 10h às 15h. (Da Redação)