Evento cultural
22ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) coloca João do Rio em evidência
Festa realizada no litoral sul fluminense, segue até amanhã
Neste ano, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), começou no último dia 09 e segue até amanhã, 13 de outubro. Em sua 22ª edição, a festa ocupa tradicionalmente os espaços públicos da cidade de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, com cultura, arte, educação, debates e pluralidade de visões em uma programação diversa.
“Excepcionalmente, devido aos efeitos da pandemia, realizamos duas edições em novembro. Nesta edição, antecipamos para outubro para facilitar essa transição e trazer a festa novamente para julho em 2025, período que é o DNA da Flip e o desejo do nosso público “, explica Mauro Munhoz, diretor artístico da Festa.
A escolha do período também permite a participação maior de estudantes e educadores. O evento coincidiu com a semana de recesso, chamada de semana do “saco cheio”, adotada por algumas instituições de ensino pelo Brasil.
A curadoria da 22ª edição da Flip ficou sob a responsabilidade de Ana Lima Cecilio. Ela possui mais de 20 anos de trabalho no universo editorial, tendo atuado em diversas áreas, como edição, clubes do livro e curadoria literária. Ana Lima traz na bagagem uma vasta experiência e um olhar atento e direto ao público leitor. Dessa forma, descobre o que as pessoas andam lendo, que autores e obras têm mobilizado encontros e discussões.
A programação inclui uma série de atividades voltadas para o universo literário. Todas as atividades estão listadas no site oficial do evento www.flip.org.br.
Autor homenageado
A edição de 2024 tem como autor homenageado João do Rio. Esse foi o pseudônimo mais famoso de Paulo Barreto (1881-1921), um dos autores mais importantes do início do século XX no Rio de Janeiro. Cronista prolífico, também foi crítico de arte, escreveu romances, ensaios, contos, peças de teatro, conferências sobre dança, moda, costumes e política.
João do Rio trabalhou a vida toda em jornais e revistas. Pioneiro como repórter, criou um estilo de texto híbrido de literatura e reportagem, ficção e realidade. Mudou o modo de fazer jornalismo, fundando a crônica moderna. Na sua observação das ruas e do povo, fez coro com pensadores da passagem do século XIX ao XX que tinham a cidade como centro do pensamento, refletindo sobre o progresso, a velocidade, a formação urbana e toda a dor e a delícia dessa convivência.
O escritor que conquistou uma vaga na Academia Brasileira de Letras aos 29 anos era um personagem múltiplo: fascinado pelos salões da alta sociedade, dividia com o século a reverência por Paris e por um ideal de vida “civilizada”. Ao mesmo tempo, foi o primeiro jornalista a subir o morro ouvindo com atenção e afeto a voz das ruas, tornando-se uma espécie de porta-voz de um povo que não tinha espaço na imprensa.
Quando deixa a redação do jornal para subir vielas, acompanhar manifestações culturais, observar de perto os hábitos de uma cidade que se transformava vertiginosamente, João do Rio fundou um modo de fazer jornalismo, numa espécie de etnografia pulsante, revelando ao leitor do jornal uma cidade que lhe era desconhecida. Vítima de um ataque cardíaco que o impediu de completar 40 anos, ele deixou 25 livros e mais de 2.500 textos publicados em jornais e revistas. (Da Redação)