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Nildo Benedetti publica o terceiro volume de 'Filmes para Pensar'
Nessa edição, o autor buscou um campo de interação com tópicos controversos, como amor, religião e feminismo
Aos 87 anos, o escritor Nildo Maximo Benedetti, em suas palavras, teve o benefício do tempo para estudar muitas coisas. Engenheiro de minas por formação, hoje, aposentado, dedica seu tempo ao estudo de obras cinematográficas e às colunas escritas para o Jornal Cruzeiro do Sul, publicadas todas as sextas-feiras.
Com 103 artigos escritos até o momento, Nildo é autor de cinco livros, sendo que o último, ’Filmes para Pensar, Volume 3’, foi publicado recentemente.
‘Em minha opinião, a arte e a ficção são mais portadoras da verdade do que um documentário, justamente porque dependem da interpretação humana‘, explica o escritor. ‘Já dizia Picasso: a arte é a mentira que nos ajuda a entender a realidade‘.
O seu amor, tanto pela arte quanto pelas ciências humanas, é uma herança do pai. A dúvida de qual carreira seguir perseguiu Nildo por muito tempo, entre suas opções, se destacavam as artes, a literatura e, principalmente, a música. No entanto, por questões financeiras, traçou seu caminho para a área técnica, na qual atuou em uma empresa de cimento até os 72 anos.
A aposentadoria foi um grande marco na vida do escritor, o momento em que ‘cancelou para sempre as exatas de sua vida‘, e abriu a porta para os seus sonhos.
Aos 67 anos, se tornou mestre em Literatura Italiana e, aos 71, doutor em Literatura Brasileira, ambas pela Universidade de São Paulo (USP). E da sua tese de doutorado, em 2010, o seu primeiro livro, Sagarana: o Brasil de Guimarães Rosa, criou forma.
‘Durante a tese defendi a ideia que Sagarana, escrito por Guimarães Rosa, é uma representação do Brasil República‘, relembra.
A obra analisa uma coletânea de nove contos, leva o leitor ao universo do sertão, com seus vaqueiros e jagunços, e desse cenário, Nildo contemplou o Brasil inteiro, desviando seu foco da literatura para a sociologia.
Tanto a sociologia, quanto a psicanálise e psicologia se tornaram companheiras fiéis em suas análises e, de acordo com sua filha, Carmen Benedetti, no prefácio do livro recém publicado, esses são os grandes diferenciais e as maiores riquezas de suas obras.
Segundo Nildo, sua intenção ao escrever é que as pessoas compreendam o ser humano, ‘porque quando compreendem podem tomar decisões melhores, e essas áreas do conhecimento são fundamentais para isso‘.
Após Sagarana, Nildo Benedetti deu forma a outros quatros livros: Incestos no Cinema: Raízes Psicossociais, e três volumes de Filmes para Pensar. Todos estão disponíveis gratuitamente no site https://cinereflexao.wordpress.com/, e os filmes, no catálogo da Netflix ou no YouTube.
‘Quando eu publico um livro tenho várias pretensões, uma delas é que psicólogos, sociólogos, ou até mesmo pessoas que se interessam por política, leiam o livro e o possam utilizar como ilustração para aquilo que querem dizer. Portanto, procuro deixar minhas obras acessíveis para o público.
Ao Jornal Cruzeiro do Sul
Em sua primeira análise para o jornal Cruzeiro do Sul, Nildo ousou explicar um dos, senão o maior, mistério da vida: o amor. O filme em questão, ’45 Anos’, retrata uma história de amor e mostra aos seus telespectadores como o sentimento de fato é, ou seja, algo extremamente difícil de entender.
‘Foi em novembro de 2016‘, relembra Benedetti com um sorriso. Sua intenção, na época, era atrair público para o seu projeto, o Cine Reflexão, na Fundação de Desenvolvimento Cultural (Fundec) de Sorocaba. ‘Portanto, foi uma análise curta, incompleta, mas o suficiente para despertar no público a vontade de assistir ao filme no salão da Fundec‘.
Foram das críticas escritas para o jornal que surgiu, então, a ideia da série de livros ’Filmes para Pensar’. ‘As minhas críticas, na sua grande maioria, são textos longos e para publicar no jornal é preciso extrair o principal, uma síntese. O livro foi uma oportunidade de publicá-las em sua totalidade, em uma versão ampliada e aprofundada‘, explica o autor.
Todos os artigos escritos por Nildo Benedetti estão disponíveis no site do Jornal Cruzeiro do Sul, na editoria de Opiniões/ Artigos.
Sobre o Futuro
Ao ser questionado sobre seus planos para o futuros e até mesmo sobre a possibilidade de um sexto livro, Nildo ri e afirma: ‘Aos 87 anos, eu tenho mais passado do que futuro, mas enquanto esse futuro existir, continuarei escrevendo!‘. (Beatriz Falcão, programa de estágio)