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Cultura

Cannes inicia sua 75ª edição

17 de Maio de 2022 às 00:01
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O cartaz oficial do 75º Festival de Cinema de Cannes, na entrada do Palais des Festivals.
O cartaz oficial do 75º Festival de Cinema de Cannes, na entrada do Palais des Festivals. (Crédito: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)

Todo ano é a mesma coisa. Cannes estende o tapete vermelho para o que há de mais representativo na produção mundial e seu júri, neste ano presidido pelo ator Vincent Lindon, outorga a Palma de Ouro. Todo ano, mas alguns são especiais. Em 2022, a data é redonda. É o 75º Festival Internacional do Filme e os dois últimos anos foram difíceis por conta da pandemia. Cannes anuncia um grande festival presencial, mas os protocolos de segurança ainda terão de ser seguidos.

O Brasil ficou fora da seleção oficial, que compreende os filmes da competição e os da mostra “Un Certain Regard”. Estará em “Cannes Classics”, com o restauro, em 4K, de um dos marcos do Cinema Novo -- “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha. Para espantar a Covid-19, Cannes abre-se, hoje (17), sob o signo do humor. Michel Hazanavicius, que já foi premiado no festival com “O Artista” -- e o filme venceu depois o Oscar -- retorna aos bastidores do cinema. Uma equipe francesa, que inclui Romain Duris e Bérénice Bejo, refaz o filme japonês de zumbis de 2017, “One Cut of the Dead”.

O cinéfilo que acompanha Cannes à distância idealiza o festival como um grande encontro para exibir filmes autorais. É meia-verdade. Cannes segue prestigiando os grandes diretores. David Cronenberg (“Crimes of the Future”), Hirokazu Kore-eda (“Broker”) e os assíduos Irmãos Dardenne (“Tori et Lokita”) estão na disputa pela Palma de 2022. Mas Cannes quer também atrair o público.

Astros e estrelas passarão pelo tapete vermelho, para a tradicional montée des marches. Tom Cruise será homenageado na sessão especial de “Top Gun 2 - Maverick”, antes que o filme ganhe as telas de todo o mundo. Dois destacados atores negros também serão honrados: Forest Whitaker, com uma Palma de carreira; e Viola Davis com o Kering’s Women in Motion Award.

O festival encerra-se no sábado, 28, com a premiação. No domingo, 29, passam de novo todos os filmes. Fora de concurso, um dos mais aguardados é “Elvis”, de Baz Luhrmann, sobre a relação do rei do rock com seu agente, o lendário Coronel Parker, interpretado por Tom Hanks.

Nem tudo será festa e o festival tomará partido na questão da guerra em curso na Ucrânia. Em 2016, o cineasta lituano Mantas Kvedaravicius já havia apresentado em Cannes “Mariupolis”, sobre a guerra de 2014. Em abril passado, ele filmava com a companheira em Mariupol quando foi capturado e morto pelos russos. Hanna Bilobrova reuniu o material e, com a ajuda do montador de Mantas, Dounia Sichov, conseguiu concluir “Mariupolis 2”, que foi incluído de última hora na programação e terá direito a projeção, seguida de debate. (Estadão Conteúdo)