Artista sorocabana expõe trabalhos na 18ª edição da SP-Arte

Dan Galeria Interior, de Votorantim, também marca presença no evento, que segue até domingo (11)

Por Jéssica Nascimento

A Dan Galeria Interior está com stand no prédio da Bienal, em São Paulo.

Duas obras da artista plástica sorocabana Lucia Castanho estão expostas na SP-Arte - Festival Internacional de Arte de São Paulo, que acontece no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, na capital paulista. Este ano, a feira chega à 18ª edição, reunindo galerias de arte e design, editoras, revistas, museus e instituições. Esta é a terceira vez em que a sorocabana expõe seus trabalhos na SP-Arte, a principal feira do setor na América Latina. A programação do evento teve início na quarta-feira (6) e segue até domingo (11).

Nesta edição, Lucia está participando com dois trabalhos, uma pintura e um objeto de parede, pela Andrea Rehder Galeria. As duas obras retratam o interior de piscinas. “O tema é a piscina, a água, as passagens e rastros que o corpo deixa nela. Trabalho muito os azuis, verdes e, às vezes, rosa”, conta a artista. A pintura em grandes dimensões leva até três meses para ser finalizada, já que antes de dar cor a obra a artista trabalhou com perspectivas do interior das piscinas. No objeto de parede, Lucia usou tecido transparente, como organzas e sedas. “Eu mesma recorto e pinto, não é tingimento porque pinto um a um depois de recortados. E cada um deles tem seus tons e características”, explica.

As obras foram retomadas durante a pandemia, que mudou o processo de trabalho da artista. Esse período atípico que vivemos permitiu que Lucia fizesse muitas reflexões sobre sua produção e também possibilitou maior tempo para criar. “No início, fiz séries de fotografias sobre o silêncio porque era assim que eu me sentia dentro de casa, sem poder falar com quase ninguém. Aos poucos voltei para trabalhos anteriores, de 2017 por exemplo, e entre eles encontrei a primeira piscina enrolada e guardada no ateliê. Desde então estou produzindo essa série”.

Como artista, Lucia valoriza a exibição de seus trabalhos em diferentes formas, desde as exposições em que participa em galerias ou museus até em grandes feiras do setor, como a SP-Arte. “Nesse caso, sabemos que o nosso trabalho será visto por muitas e muitas pessoas e que tanto as obras, quem somos e o que estamos fazendo terá uma maior divulgação. E, por fim, as vendas, que são necessárias para comprarmos material e continuarmos fazendo novas pesquisas”. Para ela, que atua como artista plástica há 50 anos, Sorocaba está crescendo no meio da arte. “Esse está sendo o melhor momento”.

Graduada em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina, a carreira de Lucia começou na década de 80. Apaixonada pela arte, ela seguiu se especializando na área: fez mestrado e doutorado em Educação, Arte e Cultura na Universidade Mackenzie. Em 2019, a artista concluiu o pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes do Porto, em Portugal, onde trabalhou no ateliê de vidro da universidade. “Técnica que eu não conhecia, de uma delicadeza imensa e que acrescentou muito a questões importantes para mim, que são a água, transparência, cor e movimento”.

Dan Galeria Interior

Além das obras de Lucia, a SP-Arte também conta com a presença da recentemente inaugurada Dan Galeria Interior, de Votorantim, que levou duas obras do artista Luca Benites, entre tantas outras selecionadas pelas duas unidades da Dan Galeria de São Paulo. Composto por 99 peças de latão maciço e organizado de forma a criar uma interdependência entre elas, “Nexus” é um dos projetos de Benites expostos no stand que chamam a atenção do público.

Para Cristina Delanhesi, empresária e produtora cultural que está à frente da Dan Galeria Interior, o deslocamento de São Paulo para Votorantim é uma movimentação muito positiva para a galeria. “Não só para o mercado de arte, mas no ponto de vista profissional para os artistas e toda a cadeia que engloba o sistema de arte”. Isso porque, segundo Cristina, um dos pilares da Dan no interior é contratar mão de obra local para todos os serviços. “Não estamos pensando apenas na arte no interior”, destaca ao dizer que em breve é possível que galeria também tenha representação de artistas de Sorocaba e região.

Exposição reúne mais de 100 galerias e estúdios de design

Cores, formas, técnicas e estilos. A 18ª edição da SP-Arte - Festival Internacional de Arte de São Paulo -- chama a atenção dos visitantes com sua pluralidade de trabalhos expostos pelas 100 galerias de arte e pelos 31 estúdios de design, além de editoras e participações institucionais espalhadas em três pisos do Pavilhão da Bienal. Até este domingo (11), cerca de 25 mil pessoas devem passar pelos 133 stands da feira. Para Fernanda Feitosa, fundadora da SP-Arte, o festival é uma forma de potencializar a arte. “O mercado de artes está, de fato, retomando. Já temos indicadores de que o Brasil sofreu menos que o exterior”, afirma ao dizer que o setor está recuperando os investimentos no pós-pandemia.

Com obras de artistas do Brasil e do exterior, a feira consolida seu papel de catalisador do mercado nacional das artes visuais e impulsionador da economia criativa da cidade. Neste ano, o festival amplia seu alcance com a retomada de participações institucionais e com a introdução de um novo setor chamado Radar SP-Arte, para a participação inédita de espaços autônomos e ONGs, além de uma exposição de artistas sem representação comercial com curadoria de Felipe Molitor. “O consumo de arte pode ser acessível, principalmente por meio dos artistas jovens”, destaca Fernanda ao dizer que o mercado de artes está em ascensão.

A repórter viajou a convite do Iguatemi Esplanada, um dos patrocinadores do evento. (Jéssica Nascimento)