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Cultura

Marcus Pereira e sua paixão por música são tema de documentário

10 de Agosto de 2021 às 00:01
Da Redação com Estadão Conteúdo [email protected]
"Discos Marcus Pereira: O Mapa Musical do Brasil" estreia hoje. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

A história de Marcus Pereira e muitas das histórias que sua busca obstinada por registrar a música do Brasil de todos os cantos produziu serão tema da série documental “Discos Marcus Pereira: O Mapa Musical do Brasil”, que será exibida a partir de hoje (10), pela Rádio Cultura Brasil, às 17h, com reapresentação no dia 15, às 11h, e pela Cultura FM, dia 22, às 20h. A Cultura pode ser sintonizada, além dos 77,9 MHz e 1200 KHz, pelo aplicativo Cultura Digital ou pelo site culturafm.com br.

Por mais de dez anos, o publicitário que deixou sua agência para se tornar pesquisador produziu e lançou álbuns, por sua companhia Discos Marcus Pereira, que trouxeram expressões musicais originárias ou o mais perto disso encontradas nas regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Marcus, chamado por próximos como o “Tinhorão dos estúdios”, uma referência ao crítico adepto de uma valorização territorial inegociável, morto no último dia 3, deixou mais de 140 LPs gravados por artistas localizados depois de muita pesquisa.

A série revela não só o trabalho de Marcus, morto em 1981 por complicações depois de tentar tirar a própria vida com um tiro, como também o de sua viúva, a jornalista Carolina Andrade, que colaborou com os depoimentos trazendo histórias valiosas. Carolina, com uma memória vivaz até do que testemunhou há mais de 40 anos ao lado do homem com quem teve dois filhos e com quem foi casada por uma década, trabalhou na gravadora fazendo pesquisas e indo a campo para encontrar manifestações que iam do bumba meu boi do Maranhão às tradições do Rio Grande do Sul. Em entrevista ao Estadão, Carolina não apenas relata, mas traz emoção em uma narrativa cheia de frescor e detalhes visuais. A série vai exibir também depoimentos de outros agentes da história, como o compositor Marcus Vinícius, a filha Luciana Pereira, o cantor e compositor Renato Teixeira, a sambista Leci Brandão e o fundador e integrante do Quinteto Violado, Marcelo Melo.

A saga de Marcus começa quando ele ainda estava ligado ao sócio Aluízio Falcão em uma agência de publicidade, no início dos anos 1970. Assim, os LPs surgem da ideia de presentear os clientes com música. Um dos regalos tratava-se de uma coleção sobre a música do Nordeste, a semente do que estava por vir.

“Marcus começava sua pesquisa procurando ouvir especialistas nas regiões”, lembra Carolina. “Quando estuda o Nordeste, vai ao brilhante Hermilo Borba Filho.” É Hermilo quem faz a ponte com o Quinteto Armorial, a enriquecedora tradução sonora das lógicas transregionais de Ariano Suassuna.

Marcus sabia que precisava de nomes fortes que pudessem avalizar midiaticamente o folclorismo que desvendava. Assim, trouxe Nara Leão para gravar na coleção que trazia composições típicas do Sudeste, o próprio Quinteto Armorial para o LP sobre o Nordeste, a cantora de Belém do Pará chamada Jane Vaquer, futura Jane Duboc, para o álbum do Norte e a gaúcha Elis Regina para o disco sobre o Sul. A passagem de Elis pelo estúdio para gravar quatro músicas, “Alto da Bronze”, “Porto dos Casais”, “Boi Barroso” e “Os Homens de Preto”, deixou Carolina impressionada. “Ela colocou a voz de primeira, depois de ouvir o playback das músicas apenas uma vez.” (Da Redação com Estadão Conteúdo)