A atualização necessária diante da pandemia

Apesar da adaptação, 42% afirmam que a pandemia trouxe dificuldades em avaliar seus alunos

Por Agência Brasil

Professores tiveram de aprender a mexer em ferramentas de comunicação.

Para 83% dos professores de redes municipais de todo País, a adaptação às ferramentas tecnológicas de ensino é considerada boa. A maioria usa grupos de professores nas redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens para trocar ideias, experiências e conversar. “Muitos professores buscaram se atualizar diante dos novos desafios impostos pela pandemia. Seja com apoio das redes de ensino, seja na troca com outros colegas, eles se adaptaram ao uso de novos recursos tecnológicos, e isso é muito positivo”, disse Daniel de Bonis, diretor de políticas educacionais da Fundação Lemann, ao acrescentar: “essas ferramentas serão especialmente importantes daqui em diante para a superação das defasagens educacionais acumuladas durante a pandemia”.

Para entender a prioridade da educação nas redes municipais brasileiras, a Rede Conectando Saberes, uma iniciativa da Fundação Lemann, realizou o estudo Vozes Docentes. A pesquisa contou com mais de 8,7 mil respostas de professores de escolas municipais de 87 cidades, em todas as regiões do Brasil.

Outro dado da pesquisa mostrou que, apesar da adaptação, 42% afirmam que a pandemia trouxe dificuldades em avaliar seus alunos, seja por não conseguirem acompanhar tão de perto o desenvolvimento dos estudantes pelo vídeo, seja por não saberem se as respostas dos testes aplicados são realmente deles.

Os educadores também responderam sobre a percepção da saúde mental dos estudantes, sendo que somente 25% dos professores dizem que seus alunos raramente ou nunca estão emocionalmente equilibrados.

Em relação à participação política, 97% dos educadores afirmam que se sentiriam valorizados se pudessem participar da formulação de políticas públicas de seus municípios. Apenas 31% dos professores conhecem e concordam com os planos de retomada de aulas presenciais municipais.

“77% deles dedicariam tempo de trabalho não remunerado para essa construção”, afirma o gestor de projetos da Conectando Saberes, Lucas Corrêa do Bomfim Costa. Tanto para aqueles que defendem a reabertura das escolas quanto para os que preferem o ensino remoto, o aprimoramento do reforço escolar para redução das defasagens é prioridade.

A professora Angélica dos Santos Benith Belo, que leciona na rede municipal de ensino de São Paulo, contou que se adaptou às ferramentas tecnológicas de ensino, mas que apesar do treinamento recebido da Prefeitura para algumas ferramentas, teve que aprender a gravar aula na prática:

“A utilização das ferramentas foi boa porque procuramos nos aperfeiçoar, nos aprimorar, tivemos um treinamento da Prefeitura e deu para administrar essa parte, mas algumas coisas em relação a gravação de aula, a elaboração de conteúdo, foi muito de aprender a fazer com a mão na massa, porque esse cenário de pandemia trouxe essa possibilidade e essa necessidade para todos os educadores, acredito que de todas as esferas”, diz Angélica.

Para ela, dar aula através de uma tela foi desafiador. “Porque quando a gente está numa sala de aula a gente tem um feedback instantâneo do aluno, que é norteador para o nosso planejamento e para que a nossa prática tenha significado”.

Ela concorda que é difícil avaliar os estudantes com o ensino remoto: “as avaliações foram difíceis porque por um meio digital não tem como a gente dizer se no momento da prova aquele aluno estava tenso ou nervoso, ou se estava consultando algum material, então a falta desse parâmetro inviabilizou uma avaliação significativa”. (Agência Brasil)