Museu usa linguagem de redes sociais para atrair público

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Exposição Hashtags da Arte, no Museu Nacional de Belas Artes, usa palavras-chave da internet em obras do acervo para engajar o público nas redes sociais. Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Exposição Hashtags da Arte, no Museu Nacional de Belas Artes, usa palavras-chave da internet em obras do acervo para engajar o público nas redes sociais. Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A mistura de arte com a linguagem das mídias sociais aumentou em 78% a visitação ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro. A exposição Hashtags da Arte selecionou 40 obras do acervo do museu e marcou cada uma delas com adesivos com palavras-chave usadas em aplicativos (Instagram, Twitter, Facebook) misturadas às descrições das obras. O método despertou a curiosidade dos jovens pela arte.

A exposição foi inaugurada em abril deste ano. Em maio, recebeu 7.188 visitantes contra 4.473 no mesmo período do ano anterior. O sucesso de público levou a direção do MNBA a estender a exposição até fevereiro de 2020.

“As pessoas realmente estão gostando muito, vendo como uma coisa leve, divertida. Isso é muito importante para a gente, para o marketing do Museu de Belas Artes. Nesse sentido, a campanha Hashtags da Arte está bastante vitoriosa”, disse à Agência Brasil o assessor de Comunicação Social do MNBA, Nelson Moreira.

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Parceria

A campanha Hashtags da Arte foi criada pela agência de publicidade NBS. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), apenas 15,5% da população do país visitaram museus nos últimos anos. Em contrapartida, o brasileiro é o segundo povo mais conectado do mundo à internet, depois dos chineses, de acordo com dados da consultoria.

O assessor do MNBA afirmou que a exposição cumpriu sua missão de atrair um público novo, formado por jovens cada vez mais conectados às redes sociais. Um exemplo é o quadro datado de 1817 que mostra Dom João VI posando com seu traje bordado a ouro, que ganhou as hashtags #lookdodia#reidocamarote e #ostentação, entre outras.

"Esse era o objetivo desse esforço. O que a gente nota é que o público jovem continua afluindo em grande número. Isso é muito bom para a gente, porque uma das principais metas de um museu é realmente não só manter o público, mas também procurar a renovação desse público. Isso, para a gente, encaixou como uma luva nesse esforço da diretora Mônica Xexéu", comentou Moreira.

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Maior leveza

A exposição Hashtags da Arte abrange 40 obras clássicas do acervo do MNBA. Moreira não descartou que as hashtags possam ser colocadas em outros itens do acervo do museu, que reúne mais de 70 mil peças, entre pinturas, esculturas, arte sobre papel, instalações. "É uma infinidade de itens, e a ideia é que a gente possa fazer as pessoas contemplarem outras gamas do nosso acervo".

O assessor de Comunicação Social do MNBA revelou que uma cena que já se tornou comum nos últimos meses é notar que as pessoas estão rindo, alegres, descontraídas, relaxadas diante das telas que estão com adesivos colocados. "Esse é um retrato dessa mudança de comportamento", explicou.

O início de tudo

O redator criativo da agência NBS, Leonardo Konjedic, é o idealizador da campanha. A ideia ocorreu quando ele e o diretor de Arte da NBS, Roberto Ulhoa, que também pinta quadros, visitavam o museu, no ano passado.

"Chamou a nossa atenção a repetição de comportamento do que acontece no Instagram e do que o museu estava mostrando nas paredes". As pinturas eram o Instagram de antigamente, destacou Leonardo Konjedic. Como uma brincadeira, os dois profissionais começaram a definir paralelos entre os tipos de fotos que as pessoas postam no Instagram com o tipo de pinturas que o MNBA exibia.

"Aquilo deu um estalo na gente e, com o tempo, a gente foi amadurecendo a questão da hashtag. Nasceu como uma brincadeira quase e foi ganhando seriedade de assumir o compromisso de ter um jeito mais acessível e simples de explicar às pessoas o que elas entendem como complexo, que é a arte", descreveu Konjedic.

"Acho que foi uma coisa bem despretensiosa, mas que ganhou um tamanho e uma importância legais. Ficou além da brincadeira e, no final, o resultado foi muito bacana, tanto para nós, da NBS, quanto para o MNBA, como cliente".

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Contextualização

A ideia surgiu em outubro de 2018 e a primeira reunião com o museu ocorreu em dezembro. Seguiram-se outras reuniões com a diretoria e a área técnica, para que as hashtags pudessem contextualizar as obras.

"Desde a primeira reunião, eles foram super receptivos". A ideia publicitária invadiu o museu, fazendo uma mistura entre o antigo e o novo. A exposição teve início em abril de 2019. Banners foram colocados na fachada do prédio do museu, acompanhados de texto explicativo sobre a razão da exposição. Os comentários foram sempre positivos para a linguagem adotada na tradução da história das obras de arte expostas nas paredes do MNBA de um jeito divertido e verdadeiro, disse o criador do projeto.

Para Leonardo Konjedic, intervenções como a da exposição Hashtags da Arte tornam a arte mais acessível e democrática. A página oficial do museu no Instagram, que também reproduz a linguagem em hashtags da mostra, registrou incremento de cerca de 150% na base de seguidores do perfil.

A exposição Hashtags da Arte pode ser visitada pelo público de terça a sexta-feira, no horário das 10h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h. Os ingressos custam R$ 4 (meia-entrada) a R$ 8 (entrada inteira). Aos domingos, a entrada é gratuita. (Por Alana Gandra - Agência Brasil)