Mostra ‘Todos os Gêneros’ aborda o novo masculino
Sétima edição da mostra será on-line e vai tratar também sobre questões afetivas. Crédito da foto: Divulgação
A discussão sobre o masculino e o feminino tornou-se essencial na sociedade moderna, uma vez que novos rumos na forma de ser e agir vêm sendo tomados pelos seres humanos, sempre em busca de uma maior pluralidade. Por conta disso, o Itaú Cultural criou uma mostra que pretende discutir, por meio de várias artes, as questões de sexualidade, corpo e afetividade. E, na sétima edição de Todos os Gêneros: Mostra de Arte e Diversidade, que começou ontem, o foco estará voltado para o homem e suas diversas formas de entendimento e comportamento.
A programação é diversificada e inclui conversas com formadores de opinião, artistas, ativistas e pensadores convidados, como Tiago Koch, criador do projeto Homem Paterno. Será possível também assistir a espetáculos como Barrela, peça escrita por Plínio Marcos em 1958 e agora encenada pela companhia Cemitério de Automóveis, cujo enredo trata da violência sexual nos presídios masculinos. Haverá ainda cenas de dança e teatro feitas a partir do pensamento sobre a masculinidade recebida e a masculinidade criada.
A mostra, que poderá ser inteiramente acompanhada on-line pelo site da instituição (www.itaucultural.org.br) segue até domingo, 30, o público terá à disposição um cardápio eclético de atividades até o encerramento, com os shows permeados pelo universo musical queer do rapper Rico Dalasam e do cantor Ciel Santos, a partir das 20h.
“Sempre falamos que cada edição desse projeto recupera os temas das mostras anteriores para agregar outras perspectivas de existência. Nunca partimos do zero, mas de um histórico de vozes que ecoam novamente a cada edição”, comenta Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural. “Assim, chegamos a esse momento de colocar em foco as tantas possibilidades de construção -- e, mesmo, desconstrução -- a fim de refletirmos a pluralidade de uma existência ‘homem’.”
Masculinidade tóxica
Galiana acredita ser adequado, por exemplo, o uso da expressão “masculinidade tóxica” porque nasce na tentativa de se olhar para esse universo a partir de suas dores. “A adjetivação ‘tóxica’ ressalta a brutalidade, aspereza e toda sorte de dureza que permeia a forma como aprendemos a perceber tudo o que define e deriva do ser masculino. Por tudo que vimos na construção desta edição da mostra, posso afirmar que é hora de questionar, problematizar essa cultura de centramento e imposição.’
Evento contará com debates e rodas de conversas. Crédito da foto: Divulgação
Questionada se o conceito de masculinidade que hoje vigora na sociedade ainda é limitador na expressão de sentimentos como afeto e angústia, além da própria forma de o homem encarar a sexualidade, Galiana acredita que ainda há muita construção histórica em torno do que determinado grupo social espera da masculinidade, caracterizado pelas questões do que se deve usar, vestir, além de como se deve falar ou se portar. “Trata-se de cultura e, como tal, é um organismo vivo, mutante, que se diferencia e toma novos contornos a depender das regiões, lugares, instituições, mas, em linhas gerais, opera em padrões parecidos, seculares, que impõem o uso da força, a dureza como norma de existência.”
Assim, ao formatar a nova edição do Todos os Gêneros, ela e seus colaboradores buscaram montar uma programação com discussões em formatos de rodas de conversa, em que homens de todos os gêneros falam abertamente sobre paternidade e criação dos filhos, colocando essas questões em perspectiva e compartilhando seus olhares pessoais. “É uma experiência muito bonita ouvi-los e entender como esses atravessamentos de infância e juventude operaram em suas construções e o que eles levam de aprendizado na criação de seus filhos.”
E, para evitar que debates e manifestações se caracterizem pela aridez, a arte desponta como instrumento fundamental na compreensão do papel do homem na discussão de gênero. (Estadão Conteúdo)
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