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Legião Urbana: Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá fazem show hoje em Sorocaba

25 de Janeiro de 2019 às 08:13

A Turnê, com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, chega hoje a Sorocaba para marcar 3 décadas do disco da Legião.Crédito da foto: Divulgação

“Renato se foi, mas ele está presente nessas canções todas. A ideia é celebrar o que a gente fez com as pessoas que fizeram isso com a gente”, afirma Dado Villa-Lobos, numa clara referência ao público que começou a lotar os shows da então banda iniciante, colaborando para que a Legião Urbana se tornasse o que foi e tivesse a oportunidade de fazer a diferença na vida das pessoas. É nesse tom de celebração que Dado, juntamente com Marcelo Bonfá, tem percorrido as cidades com a turnê comemorativa dos 30 anos de lançamento dos discos “Dois” e “Que país é este”, que chega hoje a Sorocaba. O show, com produção da Z-Eventos, será no clube Recreativo Campestre e conta com abertura da banda Eliot, às 23h. A atração principal começa 0h15.

Além de Dado na guitarra e Bonfá na bateria, o projeto conta com os vocais de André Frateschi, a guitarra e violão de Lucas Vasconcellos, os teclados e programações de Roberto Pollo e o baixo de Mauro Berman.

Os álbuns “Dois” e “Que país é este”, lançados, respectivamente, em julho de 1986 e novembro de 1987, são considerados clássicos do rock brasileiro. A partir deles, a Legião Urbana, liderada pelo compositor e vocalista Renato Russo, se tornava atemporal. Dentre as canções que fazem parte desses dois álbuns estão sucessos como “Tempo perdido”, “Que país é este”, “Eduardo e Mônica” e “Faroeste caboclo”.

A iniciativa dá continuidade ao ciclo de comemorações de lançamento dos primeiros álbuns da banda, iniciado com a turnê “Legião Urbana XXX anos”, em 2015. Em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul, Dado falou sobre como tem sido relembrar as músicas da banda, do reencontro com os fãs, o carinho por Sorocaba e os próximos passos da dupla. Confira:

O álbum “Que país é este”, de 1987, se tornou um clássico da banda. Crédito da foto: Divulgação

 

Cruzeiro do Sul - Conforme o produtor João Caramez, a banda Legião Urbana fez diversas estreias de shows em Sorocaba. O Renato Russo dizia a ele que gostava de abrir as apresentações aqui porque dava sorte. Sorocaba é uma cidade especial para vocês?

Dado Villa-Lobos - É verdade, a gente sempre ia testar o show aí, fizemos várias aberturas. Se não me engano a do disco “Que país é este” foi aí também. O público de Sorocaba sempre foi muito receptivo e caloroso com a gente.

 

C.S. - Nesse tempo fazendo a turnê, aconteceu algo marcante ou que te surpreendeu? Como tem sido a recepção dos fãs?

D.V. - Tem sido surpreendente porque temos visto um público formado por crianças e senhores da nossa idade, então pudemos constatar que nossas canções estão aí pra sempre. Ontem [na segunda-feira] eu estava em um restaurante aqui no Rio de Janeiro e na mesa ao lado estavam uma senhora com dois netos. Eles eram do interior de São Paulo, acho que Araraquara, e ela veio me pedir se eu apertaria a mão do neto dela, de 11 anos, Artur, porque ele é fã da Legião. E hoje [na terça] de manhã um senhor de uns 60 anos me falou a mesma coisa. Fiquei pensando como é interessante isso, no que se transformou o nosso sonho de adolescente.

Quando você monta uma banda, quer que a sua música chegue nas pessoas e as transforme de algum jeito e isso a gente vem percebendo que foi realizado. Os fãs se emocionam. Também é algo indescritível essa coisa do palco, muito bom ver que as nossas canções mexeram com as pessoas e as pessoas transformaram a gente no que a gente é. Isso que é importante. Que legal que essas músicas aconteceram e a gente tem essa resposta do público, muito afirmativa.

C.S. - Como estão os números das apresentações? Saberia dizer por quantas cidades vocês já passaram, desde 2015?

D.V. - [Veio um suspiro de quem já perdeu as contas... Somente em 2015 foram 100 apresentações para mais de 500 mil legionários de diferentes gerações e regiões do país]. Temos feito uma centena de shows porque agora a gente não é mais uma banda com a responsabilidade de gravar de discos, então estamos simplesmente comemorando os nossos trabalhos. Nosso compromisso é com a diversão, o entretenimento, relembrar sabe, realizar com o público essa troca de energia. Tem sido muito bom nesse sentido porque as pessoas vão para ouvir exatamente aquelas canções. E fazemos mais de duas horas de show.

C.S. - Pode comentar um pouco sobre o que tem sentido ao revisitar as músicas do começo de carreira? Como é pra você cantar o Brasil de 30 anos atrás? Aliás, “que país é este”?

D.V. - A gente tem relembrado bastante coisa porque são as nossas vidas que estão ali, naquelas canções. Estamos mexendo em energias muito incríveis, queremos potencializar o máximo isso. Quando você tem um grande público respondendo a tudo, bem ali na sua frente, é demais. A gente lembra até como a música foi feita, porque cada canção tem uma vibração particular e a gente traduz isso muito bem ao vivo. É super divertido. Estamos com uma grande banda tocando com a gente, eles são grandes amigos e parceiros que também viveram tudo aquilo de alguma forma.

Nossas músicas são universais, falam da relação das pessoas, tentam traduzir o sentimento, angústias, alegrias das pessoas de uma forma poética, direta e simples através da música. Agora sobre o país, eu fico apreensivo porque na minha cabeça sou humanista, não gosto de arma, sou da paz. Quero acreditar nas pessoas. Governos em geral não me representam. O que me faz perceber esse país são as pessoas que aqui estão. O país é gigantesco, maravilhoso, indescritível, plural. Independente do que a gente lê nos jornais, ele ainda sobrevive... É o que eu vejo... Agora o momento social e político continua terrível, talvez tenhamos sofrido um retrocesso e isso me deixa triste. A nossa música há 30 anos falava sobre as questões da favela, da sujeira pra todo o lado e continuamos vendo favelas ainda maiores, o Senado continua um lixo e há sujeira por todo o lado. Sinto que a gente está patinando um tanto aí nesses últimos anos, mas a gente é melhor que isso tudo.

C.S. - Agora em 2019 o álbum “Quatro estações”, o maior sucesso de vendas da história da banda, completa 30 anos. Li que vocês pensam em fazer algo comemorativo também? É só uma ideia ou vocês realmente vão sair pela estrada com ele?  

D.V. - A gente vai trabalhar isso no final desse ano para o começo do ano que vem. Seria para 2020.

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá têm feito as apresentações comemorativas desde 2015. Crédito da foto: Divulgação

C.S. - O filme “Eduardo e Mônica” deve estrear este ano, seguindo o exemplo da música “Faroeste caboclo”, que foi a primeira a parar no cinema. Algum dia passou pela cabeça de vocês ter música transformada em filme? Como é isso de ver a música ampliada, em uma história de cinema?

D.V. - A música Eduardo e Mônica é baseada em vários amigos próximos a Renato, amigos de Brasília. Eu também sou Eduardo e tenho um pouco desse Eduardo. Cada um acaba se reconhecendo nessas canções, por isso que as músicas são tão incríveis. Agora transformar em filme, às vezes pode dar certo, às vezes não. Na maioria das vezes não. Fizeram o filme porque a música é só do Renato, mas não podem usar o nome Legião Urbana.

C.S. - Por falar na marca Legião Urbana, como está essa questão junto a Giuliano Manfredini, filho do Renato?

D.V. - A questão é que Legião Urbana nunca foi uma marca, foi um grupo composto por quatro caras e depois três. Era uma banda de rock. Inventaram essa história de marca há pouco tempo. Giuliano é detentor dos direitos do Renato e isso é legítimo. O problema é ele decidir questões da banda e não do Renato. Não vou perder tempo e energia com isso, tenho outras coisas pra fazer. No momento relembrar o que foi a Legião, só isso, mostrar ao vivo como é que funcionava.

C.S. - Terminando essa turnê, como vai ser daqui pra frente, em termos de Legião, e depois de sua carreira solo?

D.V. - Bem, os passos como Legião não existem mais. Tentei fazer um resgate histórico, tem tapes, fitas com coisas incríveis, inéditas, como músicas do “Dois”, por exemplo, e não consegui. Nada vai acontecer, tirando o projeto 30 anos. Com relação à minha carreira solo, tenho projeto de trilha sonora de filme, de seriado, e o espetáculo “Villa-Lobos, ontem e hoje”, com a harpista Cristina Braga. Sigo buscando alegria e felicidade como músico.

Serviço

Os ingressos para o show desta sexta-feira (25) custam pista (meia-entrada) R$ 40; pista VIP (meia-entrada) R$ 50; camarote open bar R$ 90; mesa VIP (4 lugares) + combo (6 cervejas, 2 refrigerantes e 2 águas) R$ 300; camarote VIP (10 lugares) + combo na Fila A custa R$ 900 e na Fila B, R$ 800. Os valores são referentes ao 1º lote, sujeito à alteração sem aviso prévio. A meia-entrada vale para estudantes, professores, idosos, pessoas com deficiência, aposentados, assinantes do jornal Cruzeiro do Sul (até 4 ingressos por cartão), polícia militar, funcionário público, Clube Schaeffler e Clube Z-Eventos (cadastro gratuito pelo site www.zeventos.com).

Pagamento: dinheiro, débito ou até 3x no crédito. Classificação: 12 a 14 anos é permitida a entrada acompanhado dos pais ou responsável legal. De 15 anos em diante é permitida a entrada desacompanhado. Setor open bar somente para maiores de 18 anos. O Recreativo Campestre fica na rua Francisco Paulo Braion, 650, Jd. Guadalajara. Mais informações pelos telefones: (15) 4101-1920, 3231-1452 ou 99148-1136, WhatsApp do Recreativo.

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