‘In-Trópicos’ ganha versão inédita para exibição on-line
Evento será realizado sexta-feira e sábado pela companhia Coletivo O12. Crédito ad foto: Divulgação
O registro do espetáculo solo de dança contemporânea “In-Trópicos”, do cantor e bailarino Thiago Alixandre, será exibido nesta sexta (11) e sábado (12), às 19h, em um evento on-line realizado pela premiada companhia Coletivo O12, de Votorantim.
Premiado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa Estado de São Paulo em 2019, o espetáculo ganha uma versão para circulação on-line, que consiste na exibição de registro inédito da obra, gravada no palco do teatro do Sesc Sorocaba, seguida por uma oficina com transmissão gratuita pela plataforma Zoom.
Para participar, o interessado deve acionar o Parque da Autonomia por meio de suas redes sociais (Facebook ou Instagram ou WhatsApp (15) 99813-4808) e aguardar pelas instruções. O artista ainda irá oferecer um workshop gratuito e virtual no sábado (12) e domingo (13), das 10h às 12h, com inscrições também realizadas por meio de mensagem nos meios destacados.
Nesta obra, Thiago Alixandre parte de um trágico evento de ordem pessoal -- a morte de sua irmã. A fratura na cervical, que levou sua irmã ao óbito, se misturou a metáfora criada pelo filósofo italiano Giorgio Agambem na leitura que faz do poema “O Século”, do Osip Mandelstam. Na leitura do filósofo, o sujeito contemporâneo é como a fera descrita pelo poeta: “um ser da cervical fraturada cujo gesto incapaz de olhar para trás nos impede de conferir nossas próprias pegadas”.
A partir dessa leitura, o artista compôs uma coreografia que inclui, entre as referências, o barroco, o moderno e o contemporâneo que inclui fragmentos uma ária de Handel (1705), dança de variações de Bach (1741) e a marchinha de frevo do compositor Capiba (1963), movimentos inspirados nos golpes de artes marciais e canto no registro da voz de um castrati.
Com esses elementos, o artista propõe nesta mestiçagem estética aquilo que reconhece como uma hipótese para ler o corpo no Brasil: a mistura. “É impossível definir uma identidade brasileira, porque somos produtos de uma mistura colonial e é isso que está presente no trabalho: traços que misturam essas referências e constróem nossa história”, diz Thiago.
No palco, Thiago Alixandre estará acompanhado pelo pianista Cádmo Fausto que foi regente no Conservatório de Tatuí e trabalhou com o bailarino japonês Kazuo Ohno em temporada no Brasil.
Oficina
A oficina é uma pesquisa que Thiago vem desenvolvendo há alguns anos e, desde 2018, conta com a parceria do músico Anderson Charnoski. A proposta intitulada “Orquesografia Sonoro-Espacial” consiste na realização de composição de exercícios entre música e dança através de partituração de movimentos e tradução de partituras musicais no corpo. A pesquisa já rendeu um curso que foi lecionado em julho de 2019 no Parque da Autonomia. A segunda edição do curso, prevista para 2020, foi impedida em função da pandemia do novo coronavírus e ganha agora essa versão on-line. (Felipe Shikama)