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Festival de Música de Câmara chega ao Sesc com temática da colaboração

23 de Novembro de 2018 às 06:30

Festival de Música de Câmara chega ao Sesc Tallis Scholars, pela primeira vez no Brasil, é apontado pela crítica como um dos mais importantes conjuntos vocais do mundo. Crédito da foto: Nick Rutter / Divulgação

Palavra-chave na música, colaboração é o vetor que norteia o Festival Sesc de Música de Câmara que começa nesta sexta-feira (23) em Sorocaba. Até 2 de dezembro, seis atrações -- três delas estrangeiras e pela primeira vez no País -- fazem concertos no teatro da unidade. A abertura do festival ocorre hoje, às 20h, com o conjunto vocal Tallis Scholars, da Inglaterra. Os ingressos, disponíveis até o fechamento desta edição, custam R$ 50 (inteira) e podem ser adquiridos na Central de Atendimento da Unidade (rua Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade).

Com curadoria de Cláudia Toni, historiadora e uma das mais renomadas pesquisadoras do repertório camerístico e sinfônico do Brasil, o festival oferece uma ampla diversidade estética, com grupos de diferentes nacionalidades e instrumentações, mas que têm em comum a valiosa colaboração. Não apenas na relação intérprete-compositor, mas também no entendimento mútuo entre instrumentistas -- únicos e parte de um todo -- e na relação de troca entre estes e o público. “Além de serem todos conjuntos com pequena formação, pois é isso que caracteriza a Música de Câmara, eu tive a preocupação de ter como norte a ideia da colaboração. Colaboração em todos os sentidos, entre brasilieiros e estrangeiros, entre músicos experientes e jovens instrumentistas, entre compositor e o grupo e entre os músicos e a plateia”, comenta.

Como exemplos desse espírito colaborativo que move a música, Cláudia cita o sexteto Berlin Counterpoint, que faz concerto no dia 30 (sexta-feira), em Sorocaba. O programa incluirá uma obra inédita do compositor brasileiro Leonardo Martinelli encomendada especialmente ao Festival.

Conjunto vocal

Fundado em 1973 por Peter Phillips e atualmente formado por 11 músicos de diferentes gerações -- aqui outro exemplo de regime colaborativo --, o Tallis Scholars, que se apresenta hoje, é apontado pela crítica especializada como um dos quatro mais importantes conjuntos vocais do mundo. No repertório do concerto constam obras de Tomás Luis de Victoria, Arvo Pärt, John Tavener, G.P. da Palestrina, G. Allegri, entre outros. Segundo o jornal britânico The Guardian, sobre uma das apresentações feitas por Phillips, “o artista consegue extrair das suas interpretações um som ao mesmo tempo etéreo e cheio de sangue, edificante e ainda fundamentado nas próprias emoções humanas expressadas pelas palavras”. “Eles são especializados em música vocal sacra, desde a Renascença até os dias de hoje. Será um privilégio ouvir. É a primeira vez que eles vêm ao Brasil”, destaca a curadora.

Amanhã, às 20h, o festival prossegue com o concerto “Sopro Transcendente”. Sob a direção musical de Fábio Cury, um dos mais principais fagotistas brasileiros, os conjuntos Grupo de Pesquisa de Música da Renascença e Contemporânea - GReCo e Aura Ensemble apresentam o espetáculo “Sopro transcendente” com um repertório que vai da Renascença ao contemporâneo. O programa inclui a estreia mundial de uma peça da brasileira Michelle Agnes. O ingresso custa R$ 30.

Festival de Música de Câmara chega ao Sesc O sexteto Berlin Counterpoint possui repertório vai do barroco à música contemporânea, incluindo obras tradicionais para sopros e piano. Crédito da foto: Carola Shmidt / Divulgação

No dia 30 (sexta-feira), será a vez do sexteto Berlin Counterpoint, cujo repertório vai do barroco à música contemporânea, incluindo obras tradicionais para quinteto de sopros e piano. Nos programas que fazem no Brasil, eles estreiam a obra “Allegro scorrevole”, de Leonardo Martinelli, uma encomenda feita especialmente pelo Festival.

O regime de colaboração entre músicos também será celebrado pelo Duo Contexto & Convidados, no concerto “Entre tambores, baquetas e chocalho”, que ocorre no dia 1º (sábado), às 20h. Formado em 1989 pelos percussionistas Ricardo Bologna e Eduardo Leandro, o Duo Contexto dividirá o palco com 11 jovens percussionistas e do pianista Horácio Gouveia. O concerto inclui composições do século 20 e 21, incluindo a célebre peça “Ionisation”, escrita por Edgard Varèse em 1931 para 13 percussionistas.

O festival termina no dia 2 (domingo), às 19h, com os americanos do Tesla Quartet e o pianista brasileiro Ricardo Castro. O Tesla Quartet surgiu na Juilliard School, em 2008, e rapidamente se estabeleceu como um dos grupos jovens mais promissores de Nova York. O quarteto de cordas se apresenta ao lado do brasileiro Ricardo Castro, um dos pianistas mais brilhantes de sua geração e fundador do Neojiba. No programa, obras de Schumann, Villa-Lobos e do contemporâneo Marcus Goddard.

Para crianças

O regime de colaboração e troca entre os músicos e o público -- especialmente as crianças --, é o destaque o do espetáculo “O mau humor”, que será apresentado pelo grupo inglês Troupe neste domingo (25), às 16h. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e crianças de até 12 anos não pagam. Formado por Catherine Carter, Jessie Maryon Davies, Sophie Rivlin e a portuguesa convidada Inês Sampaio, o grupo reinventa o concerto como um evento teatral, com música, contação de histórias e interação de toda a família. “Essa nova abordagem tem sido feita na Europa para conquistar novos públicos para a música de câmara. É um concerto para a família, envolve os pais as crianças”, destaca Cláudia Toni.

Realizado a cada dois anos pelo Sesc-SP, o Festival Sesc de Música de Câmara chega à sua 3ª edição -- a segunda em Sorocaba. Neste ano, o evento reúne 76 artistas, entre integrantes de grupos estrangeiros e artistas brasileiros da atualidade, promovendo um total de 34 concertos em sete unidades do Sesc. Além de Sorocaba, em Bom Retiro, Campo Limpo e Consolação, na capital; e Jundiaí, São Carlos, e Rio Preto, no interior. “Nossa intenção é fazer do Festival uma referência, um local onde as pessoas possam buscar o novo e se espelhar. A música de câmara nos permite expandir os horizontes, entender um universo ao qual normalmente não estamos acostumados. A música não foi escrita somente para sonhar, ela nos permite crescer, expandindo nosso repertório cultural”, convida a curadora.

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