Buscar no Cruzeiro

Buscar

Dom Quixote: Uma estreia de cinema que demorou 30 anos

05 de Junho de 2019 às 23:30

Uma estreia de cinema que demorou 30 anos A grande aventura de Dom Quixote de La Mancha é revivida por um simples sapateiro espanhol. Crédito da foto: Divulgação

Uma produção que demorou quase 30 anos para ser concluída. Assim é a comédia “O homem que matou Dom Quixote”, dirigida e roteirizada por Terry Gilliam (de “Monty Python em busca do cálice sagrado”). O longa chega como estreia, aos cinemas de Sorocaba, em cartaz apenas no Cinépolis Iguatemi 7.

[irp posts="124896" ]

 

O filme, que fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes e é estrelado por Adam Driver (“Star wars”, “Infiltrado na klan”) e Jonathan Pryce (“Game of thrones”, “A esposa”) conta a história de Toby, um diretor de cinema desiludido que é levado para uma aventura, onde fantasia e realidade se misturam quando um sapateiro espanhol que acredita ser Dom Quixote o confunde com Sancho Pança.

Desde que Gilliam teve a ideia para a obra, baseada no icônico livro de Miguel de Cervantes, se passaram 30 anos até que ela ficasse pronta. Durante esse período, foram nada menos que dez tentativas de realização do projeto e um número ainda maior de problemas enfrentados, em uma das produções mais conturbadas da história do cinema. De mudanças de elenco, adoecimento, dificuldades de financiamento e disputas entre produtores, as dificuldades foram muitas e quase inacreditáveis.

A ideia do filme surgiu em 1989, porém a pré-produção foi iniciada somente nove anos depois, em 1998. No ano seguinte, Johnny Deep, Jean Rochefort e Vanessa Paradis são escalados para o elenco principal. Mas logo depois, Deep e Paradis se casam e desistem do projeto. As filmagens começam no ano 2000, no norte de Madri, com uma sequência de acontecimentos que o diretor de fotografia, Nicola Pecorini, afirmou ser de tanto azar como ele nunca tinha antes visto: o local ficava na rota de aviões, cujo barulho atrapalhava a captação de áudio, uma tempestade causou grande inundação no set de filmagens, destruindo equipamentos, e Jean Rochefort foi diagnosticado com uma dupla hérnia de disco, o que o impede de permanecer no projeto. O ator faleceu em 2017. Os produtores decidem abandonar o filme e, dois anos depois, o material produzido vira o documentário “Perdidos em La Mancha”.

Em 2005, Gilliam retoma a ideia do projeto em associação com uma nova produtora, porém cinco anos depois já não tinha mais financiamento para o filme. Em 2014, o projeto foi revivido e o ator John Hurt foi escalado para viver Quixote. Hurt descobre um câncer no pâncreas e abandona o projeto. O ator também faleceu em 2017.

O elenco que realmente finalizou o filme foi escolhido em 2016, mas com a retomada das filmagens, em 2017, um novo problema surge: a produção é acusada de danificar um convento, patrimônio histórico, em Portugal, que estava sendo utilizado como set de filmagens. O governo português abriu investigação e considerou que o caso envolveu “danos insignificantes”.

Além de tudo isso, o produtor português Paulo Branco, que em 2016 havia assumido o financiamento do filme -- mas não cumpriu o pagamento, meses depois -- entrou na justiça tentando impedir a estreia do longa no Festival de Cannes, em 2018. Os produtores tiveram que se defender na justiça e somente após ganhar o processo conseguiram finalmente lançar o filme. (Da Redação)