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‘Desvio - Devir’ faz reflexão sobre a identidade masculina

22 de Janeiro de 2020 às 00:01

O artista diz que seu trabalho não traz respostas, mas visa propor reflexões. Crédito da foto: Divulgação

A pluralidade das masculinidades contemporâneas é o mote da exposição “Desvio -- Devir”, que o artista visual Thiago Goya inicia nesta quinta-feira (23), a partir das 19h, no Sesc Sorocaba. Com curadoria de Maíra Freitas, a mostra conta com 11 obras inéditas e pode ser conferida no Espaço Expositivo do 1º andar.

Goya desenvolve ilustrações por meio do bordado livre, aquarela e pintura digital. Mantém uma produção com desenho/ilustração na qual as temáticas atravessam questões como corpo, sexualidade, identidade e afeto.

Conforme ele, as obras de pintura, desenho e instalação expostas no Sesc propõe um campo de invenção e reflexão sobre a identidade masculina. O artista conta que a ideia de trabalhar o tema fluiu naturalmente. “Quando surgiu o convite, eu estava muito atravessado por esse tema, não conseguiria falar de outra coisa”, explica.

Sobre o título escolhido para a exposição, “Devir”, foi no sentido de recriação de si mesmo, através de “Desvios” das normas padrões. “Eu quis propor uma reflexão de maneira abrangente. A ideia é repensar quais homens estamos mantendo na sociedade, a partir de que ideal de masculino.”

Goya ressalta que ao longo dos anos as feministas têm pensado muito na questão da mulher e está na hora da sociedade e dos homens repensarem o masculino. “Tem surgido debates sobre o assunto, homens que se reúnem para pensar no seu comportamento e então eu quis trazer para a visualidade e pensar a mim mesmo, colocar em questionamento minha própria existência.”

O artista, com sua obra, questiona também o lugar que ocupa. “O quanto a sociedade reflete em mim e o quanto o meu próprio corpo reflete na sociedade, como homem sis, branco, posso pensar essa questão de gênero a partir dessas reflexões.”

Goya afirma que sua arte não traz respostas, ela vem para propor reflexão. “Pensar as possibilidades e pluralidades das masculinidades, refletir que não existe caixinha pra gênero. Azul não é só de menino e rosa não só para menina. Avançamos muito nos pensamentos, mas tivemos um retrocesso gigantesco e nesse momento estamos tendo de discutir questões tão basilares, é um sinal que precisamos falar mais sobre isso”, acredita Goya.

Ainda segundo ele, pensar sobre formas de ser e estar no mundo não significa que isso seja feito para impor mudanças, mas visualizar que existem outras possibilidades. Uma referência que o ajudou muito em sua trajetória foi pensar sobre o lugar da arte. “Pra que serve uma arte que não produz humanidade? Só para enfeitar galeria, girar capital? Tenho pensado no meu lugar enquanto artista. Estou pensando muito nas urgências. O agora é o que a gente tem, temos um passado que precisa ser revisto e um agora que precisa ser modificado e que possa reverberar nas pessoas que estejam abertas para esse diálogo.”

O Sesc Sorocaba fica na rua Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade. As visitas podem ser feitas de 24 deste mês a 5 de abril, de terça a sexta, das 9h às 21h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Entrada é gratuita e aberta a todos os interessados. Informações pelo telefone (15) 3332-9933. (Daniela Jacinto)

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